Cidade do Vaticano (Terça-feira, 28-02-2012, Gaudium Press) O Papa Bento XVI exortou a comunidade científica a ter em conta a realidade dos casais que acodem a tratamento contra a infertilidade, sem reduzi-la a um “aspecto técnico”. O chamado foi feito no último sábado, 25, em seu discurso aos 200 membros da Academia Pontifícia para a Vida, reunidos em assembleia em torno do tema “Diagnosis e terapia da infertilidade”.
Frente às dificuldades que numerosos casais enfrentam para ter filhos, o Papa destacou a importância de oferecer tratamentos que considerem a dimensão moral e que busquem de forma verdadeira corrigir as causas da infertilidade. O Santo Padre chamou então a não se limitar a dar um filho ao casal, “mas restaurar a fertilidade aos recém-casados e toda a dignidade, para que eles sejam colaboradores de Deus na geração de um novo ser humano”.
Só a família é o lugar digno da existência de um novo ser humano |
Conforme o pontífice, somente neste contexto é que a ciência verdadeiramente pode ajudar às famílias. “De fato”, comentou o Santo Padre, “a união do homem e a mulher nesta comunidade de amor e vida que é o matrimônio é o único lugar digno da vocação à existência um novo ser humano, que é sempre um dom”.
Referindo-se ao casais que sentem que sua vocação ao matrimônio foi frustrada pela incapacidade de gerar, o Papa recordou a transcendência do vínculo sacramental e seu verdadeiro significado. “A vocação ao amor é uma vocação ao dom de si mesmo e isto é uma possibilidade que nenhuma condição orgânica pode impedir. Portanto, onde a ciência não encontra uma resposta, a resposta é dada pela luz que vem de Cristo”.
A procriação não pode se separar da moral e da espiritualidade
Bento XVI insistiu no ponto de que a procriação é uma realidade muito profunda que se reduz e desconhece se se separa de seus componentes morais e espirituais. “A dignidade humana e cristã da procriação não consiste em um ‘produto’, mas em sua relação com o ato conjugal, uma expressão de amor dos esposos, uma união não somente biológica, mas espiritual”.
Por esta razão, o Santo Padre instou a alentar e apoiar os esforços científicos para curar a infertilidade, que foram desviados em direção à tecnologia da inseminação artificial, seriamente contrária à dignidade humana. “O cientificismo e a lógica da ganância agora parece dominar o campo de infertilidade e a procriação humana, chegando a limitar muitas outras áreas de investigação”, denunciou o pontífice.
Bento XVI recordou também à comunidade científica que as pessoas têm depositado confiança em seu labor como um serviço à vida, como um trabalho que pode lhes dar consolo e esperança. “Não cedam nunca à tentação de tratar o bem das pessoas, reduzindo-o a um mero problema técnico; A indiferença da consciência frente ao verdadeiro e o bem representa uma perigosa ameaça para um autêntico progresso científico”.
O pontífice concluiu sua intervenção recordando a esperança que o Concílio Vaticano II depositou em a comunidade científica. “Felizes são aqueles que, possuindo a verdade, seguem tratando de renová-la, aprofundando nela, para dá-la aos demais”, afirmou por fim o Santo Padre.