“O silêncio é a condição ambiental que melhor favorece o recolhimento, a escuta de Deus, a meditação”, salientou o Papa Bento XVI na Catequese desta quarta-feira, 10, realizada às 10h30 (pelo horário de Roma, 5h30 pelo horário de Brasília), no pátio interno do Palácio Apostólico de Castel Gandolfo.
A Catequese desta quarta-feira foi uma continuação do ciclo de Catequeses sobre a oração, no qual o Papa destacou a importância do silêncio como condição para“escutar a Deus”. “Já o fato de apreciar o silêncio, para deixar-se, por assim dizer, “encher-se” pelo silêncio, predispõe-nos à oração”, explica o Pontífice. Em busca desse silêncio, em diversas épocas, homens e mulheres que consagraram a vida a Deus, monges e monjas, estabeleceram suas comunidades em lugares particularmente belos: no campo, nas montanhas, em vales, montanhas, lagos ou junto ao mar, ou mesmo em pequenas ilhas.
Estes lugares, ressaltou o Papa, unem dois elementos muito importantes para a vida contemplativa: a beleza da criação e o silêncio, garantido a partir do distanciamento das cidades e dos grandes meios de comunicação.
“Deus fala no silêncio, mas é preciso saber escutar. Por isso, os monastérios são oásis no qual Deus fala à humanidade. E neles se encontro o claustro, um lugar simbólico, porque é um espaço fechado, mas aberto para o céu”, elucidou o Santo Padre.
Memória de Santa Clara de Assis
Nesta quinta-feira, 11,a Igreja Católica faz memória a Santa Clara de Assis, por isso, Bento XVI recordou do pequeno convento de São Damião, situado logo abaixo da cidade de Assis, na Itália.
Nesta igrejinha, a qual Francisco restaurou depois de sua conversão, Clara e suas primeiras companheiras estabeleceram sua comunidade, vivendo de oração e de pequenos trabalhos. Elas eram conhecidas como “Irmãs Pobres”, e a forma de vida delas era a mesma dos Frades Menores: “Observando o santo Evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo conservando a união pela caridade recíproca e observando em particular a pobreza e a humildade vivida por Jesus e sua santíssima Mãe”.
“O silêncio e a beleza do lugar no qual vive a comunidade monástica – beleza simples e austera – constituem com um reflexo da harmonia espiritual que a comunidade mesma busca realizar”, salientou XVI.
O mundo está cheio destes oásis do espírito, alguns muito antigos, particularmente na Europa, outros são construções mais recentes e outros foram restaurados por novas comunidades.
“Olhando as coisas numa ótica espiritual, estes lugares do espírito são estruturas importantes no mundo! E não é por acaso que muitas pessoas, especialmente nos períodos de pausa, visitam estes lugares e ali ficam por alguns dias: até a alma, graças a Deus, tem suas exigências!”, enfatizou o Papa.
Ao fim da Catequese, o Santo Padre saudou os peregrinos em diversos idiomas, entre eles, o português: “Saúdo com alegria os peregrinos de língua portuguesa, nomeadamente os Escuteiros de São Félix da Marinha em Portugal e os seminaristas brasileiros da Arquidiocese de Diamantina. Esforçai-vos por descobrir o valor do silêncio como condição para o recolhimento interior, para poder escutar a Deus. Que a Virgem Maria possa ensinar-vos a amar o silêncio e a oração. Ide em paz!”.
Veja na íntegra o texto do Papa Bento XVI:
Queridos irmãos e irmãs,
Em cada época, homens e mulheres que consagraram a vida a Deus na oração – como os monges e as monjas – estabeleceram suas comunidades em lugares particularmente belos, no campo, nas montanhas, em vales, montanhas, lagos ou junto ao mar, ou mesmo em pequenas ilhas. Estes lugares unem dois elementos muito importantes para a vida contemplativa: a beleza da criação, que permanece àquela do Criador, e o silêncio, garantindo a partir do afastamento das cidades e dos grandes meios de comunicação.
O silêncio é a condição ambiental que melhor favorece o recolhimento, a escuta de Deus, a meditação. Já o fato de apreciar o silêncio, para deixar-se, por assim dizer, “encher-se” pelo silêncio, predispõe-nos à oração.
O grande profeta Elias no Monte Horeb – isto é, o Sinai – assistiu a uma onda de vento, então, um terremoto, e, por fim, flashes de fogo, mas em nada disso reconheceu a voz de Deus, mas reconheceu-O numa leve brisa (cf 1 Reis 19,11-13).
Deus fala no silêncio, mas é preciso saber escutar. Por isso, os monastérios são oásis no qual Deus fala a humanidade; e neles se encontram o claustro, um lugar simbólico, porque é um espaço fechado, mas aberto para o céu.
Amanhã [quinta-feira, 11 de agosto], queridos amigos, faremos memória de Santa Clara de Assis. Por isso, gostaria de recordar um destes “oásis” do espírito, particularmente querido para a família franciscana e para todos os cristãos: o pequeno convento de São Damião, situado logo abaixo da cidade de Assis, no meio de olivais inclinada em direção a Santa Maria dos Anjos.
Nesta igrejinha, a qual Francisco restaurou depois de sua conversão, Clara e suas primeiras companheiras estabeleceram sua comunidade, vivendo de oração e de pequenos trabalhos. Se chamavam as “Irmãs Pobres”, e a forma de vida delas era a mesma dos Frades Menores: “Observando o santo Evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo (Regra de Santa Clara, I, 2), conservando a união pela caridade recíproca (cfr ivi, X, 7) e observando em particular a pobreza e a humildade vivida por Jesus e sua santíssima Mãe (cfr ivi, XII, 13).
O silêncio e a beleza do lugar no qual vive a comunidade monástica – beleza simples e austera – constituem um reflexo da harmonia espiritual que a comunidade mesma busca realizar. O mundo está cheio destes “oásis do espírito”, alguns muito antigos, particularmente na Europa, outros recentes, outros restaurados por novas comunidades.
Olhando as coisas numa ótica espiritual, estes lugares do espírito são estruturas importantes no mundo! E não é por acaso que muitas pessoas, especialmente nos períodos de pausa, visitam estes lugares e ali ficam por alguns dias: até a alma, graças a Deus, tem suas exigências!
Recordemos, assim, Santa Clara. Mas recordemos também outras figuras de santos que nos chamam a importância de voltar o olhar “às coisas do céu”, como Santa Edith Stein, Teresa Benedita da Cruz, carmelitana, co-padroeira da Europa, celebrada ontem [terça-feira, 9 de agosto].
E hoje, 10 de agosto, não podemos esquecer de São Lourenço, diácono e mártir , com uma felicitação especial aos romanos, que desde sempre o veneraram como um dos seus padroeiros. E por fim, voltemos nosso olhar a Virgem Maria, para que nos ensine a amar o silêncio e a oração.