Ao invés das águas que abreviaram a cerimônia de 2013, mãos, bandeiras e lágrimas inundaram as vias centrais de Marília para mais uma festa do Corpus Christi, celebrada pelas paróquias da cidade de Marília na tarde e começo de noite desta quinta-feira (19).
Pelo menos oito mil fiéis puderam conduzir, a pé enxuto, o Santíssimo Sacramento da catedral de São Bento até o Santuário de Nossa Senhora da Glória. A meteorologia da fé privilegiou o espaço de adoração para receber o “pão vivo descido do céu”.
À frente da celebração pela 1ª vez em Marília, o bispo diocesano, Dom Luiz Antonio Cipolini, lembrou que a Eucaristia “é o grande tesouro da Igreja” e convidou os fiéis a refletirem em qual clima de relacionamento andam se relacionando com Jesus Cristo.
“Deixo-me transformar por Ele? Permito que o Senhor me oriente para sair cada vez mais do meu espaço limitado, para sair e não ter medo de doar, de compartilhar, de amá-Lo, de amar os meus familiares? Amar aqueles que estão mais próximos de mim?”, questionou.
Nutridos por uma canção que promovia a solidariedade – “somos a igreja da paz / da paz partilhada e do abraço e do pão” – os fiéis depositaram as suas ofertas que, conforme o costume, foram destinadas neste ano para alguma iniciativa social apoiada pela Igreja.
Beneficiados desta vez, dezenas de jovens atendidos pelo Projeto Comunitário de Atendimento à Criança e ao Adolescente (Procria) retribuíram a generosidade com a entoação de Ofício de São Tomás de Aquino, em latim, nas escadarias da catedral.
Encerrada a missa, os católicos puderam reprisar em Marília após dois anos de espera, a mesma manifestação pública do Santíssimo Sacramento, instituída como festa oficial da Igreja no século 13 por decisão do papa Urbano IV (1195-1264).
Sob a condução de Dom Cipolini – revezada com vários padres ao longo do trajeto – o ostensório alcançou o santuário da avenida Sampaio Vidal, no coração de Marília, acompanhado de uma multidão em coro com as canções eucarísticas e saudações a Cristo e à Igreja.
Recebido com fé e devoção no Santuário Nossa Senhora da Glória, o Santíssimo ocupou lugar de destaque na marquise. Entre uma jaculatória e outra, dom Cipolini pediu que se rezasse uma Ave-Maria – a primeira, pelo papa Francisco, e a outra pelos que ajudaram na organização da festa.
Antes da benção final o bispo ainda fez dois pedidos de oração aos fiéis: por ordenação sacerdotal em agosto – “rezemos por nossos seminaristas” – e pelo diaconato permanente. “Temos muitos padres mas rezemos a Deus por essa vocação permanente”.
“Muito obrigado a todos vocês por terem vindo até aqui. Não deixem nunca de rezar”, despediu-se dom Cipolini. Às vésperas de São Pedro (29 de junho), até o céu estancou as águas para não tirar o brilho dos fogos de artifício que encerraram a celebração.
Texto de Rodrigo Viudes
Fotos de Fabiano Alvares, Rodrigo Viudes e Leila Moreira