O Santo Padre o Papa Francisco beatificou neste domingo de manhã, diretamente do Vaticano, o Papa Paulo VI. Conheça a história do mais novo beato da Igreja:
O venerável servo de Deus Giovanni Battista Montini faleceu em 6 agosto de 1978 depois de um pontificado de 15 anos iniciado em 1963. O milagre que permitiu a beatificação ocorreu nos Estados Unidos em 2001, quando um feto no quinto mês de gravidez entrou em condições críticas pela ruptura da bolsa, a presença de líquido no abdômen, e a ausência de líquido na bolsa amniótica. O diagnóstico médico previa a morte do bebê ainda no ventre materno e, caso sobrevivesse ficaria com más-formações inevitáveis. A mãe foi aconselhada a interromper a gravidez, mas ela se negou a fazer um aborto. Acompanhada por uma religiosa italiana recorreu à intercessão de Paulo VI. Depois, a situação foi melhorando e o menino nasceu bem aos oito meses em um parto por cesárea. A consultoria médica da Congregação para as Causas dos Santos certificou em 12 de dezembro do ano passado a cura inexplicável do ponto de vista da ciência médica e em 18 de fevereiro os teólogos do dicastério reconheceram que o milagre aconteceu pela intercessão pedida a Paulo VI.
Paulo VI protagonizou importantes mudanças na Igreja. Algumas de natureza ecumênica, como o seu inesquecível abraço com o patriarca Atenágoras e o mútuo levantamento das excomunhões. Outras mudanças de índole pastoral, como ter iniciado a era moderna das viagens pontifícias com as suas visitas a Terra Santa, a Índia ou a ONU. Além disso, promulgou em 1969 a reforma litúrgica.
As encíclicas escritas pelo futuro beato são Ecclesiam Suam (6 de agosto de 1964), Mense Maio (29 de abril de 1965), Mysterium Fidei (3 de setembro de 1965), Christi Matri (15 de setembro de 1966), Populorum Progressio (26 de março de 1967), Sacerdotalis Caelibatus (24 de junho de 1967), e Humanae Vitae (25 de julho de 1968).
Conheça a hstória do Papa que será proclamado beato:
Fonte dos vídeos: Tv Canção Nova (http://noticias.cancaonova.com/bento-xvi-participara-da-beatificacao-de-paulo-vi)
Biografia
Filho de um advogado e de uma piedosa mulher, Giovanni Battista Montini nasceu em Concesio, próximo da Bréscia, em 26 de setembro de 1897. Desde pequeno Giovanni nutriu grande amor pelo estudo.
Acolhendo o chamado sacerdotal, Giovanni ingressou aos 19 anos no Seminário de Bréscia.Ordenado sacerdote do Senhor em 29 de maio de 1920, quando tinha cumprido 23 anos, dirigiu-se a Roma para aperfeiçoar seus conhecimentos teológicos.
Ali mesmo realizou estudos também na academia pontifícia de estudos diplomáticos e, em 1922, ingressou ao serviço papal como membro da Secretaria de Estado. Em maio de 1923 foi nomeado secretário do Núncio de Varsóvia, cargo que por sua frágil saúde, teve que abandonar no final do mesmo ano. De volta a Roma e trabalhando novamente na Secretaria de Estado da Santa Sé, o padre Montini dedicou grande parte de seus esforços apostólicos ao movimento italiano de estudantes católicos (1924 – 1933), exercendo ali um importante trabalho pastoral. Em 1931, aos seus 32 anos, lhe era concedida a cadeira de História Diplomática na Academia Diplomática.
Em 1937 foi nomeado assistente do Cardeal Pacelli, que então desempenhava o cargo de Secretário de Estado. Neste posto de serviço, Monsenhor Montini prestaria um valioso apoio na ajuda que a Santa Sé brindou a numerosos refugiados e presos de guerra.
Em 1944, já sob o pontificado de Pio XII, foi nomeado diretor de assuntos eclesiásticos internos e oito anos mais tarde, pró-secretário de Estado.
Em 1954, o Papa Pio XII o nomeou Arcebispo de Milão. O novo Arcebispo haveria de enfrentar muitos desafios, sendo o mais delicado de todos o problema social. Entregando-se com grande energia ao cuidado do rebanho que se lhe confiava, desenvolveu um plano pastoral que teria como pontos centrais a preocupação pelos problemas sociais, a aproximação dos trabalhadores industriais à Igreja e a renovação da vida litúrgica. Pelo respeito e confiança que soube ganhar por parte da imensa multidão de operários, Montini seria conhecido como o “Arcebispo dos operários”.
Em dezembro de 1958 foi escolhido Cardeal por João XXIII que, ao mesmo tempo, lhe outorgou um importante rol na preparação do Concílio vaticano II ao nomeá-lo seu assistente. Durante estes anos, prévios ao Concílio, o Cardeal Montini realizou algumas viagens importantes: Estados Unidos (1960); Dublin (1961); África (1962).
II. Seu pontificado
O Cardeal Montini contava com 66 anos quando foi eleito sucessor do Pontífice João XXIII, em 21 de junho de 1963, tomando o nome de Paulo VI. Três dias antes de sua coroação, realizada em 30 de junho, o novo Papa dava a conhecer a todos os programa de seu pontificado: Seu primeiro e principal esforço se orientava à culminação e posta em marcha ao grande Concílio, convocado e inaugurado por seu predecessor. Além disto, o anúncio universal do Evangelho, o trabalho em favor da unidade dos cristãos e do diálogo com os não crentes, a paz e solidariedade na ordem social – esta em escala mundial -, mereceriam sua especial preocupação pastoral.
O Papa Paulo VI e o Concílio Vaticano II
O pontificado de Paulo VI está profundamente vinculado ao Concílio, tanto em seu desenvolvimento como na imediata aplicação.
Em sua primeira encíclica, a pragmática Ecclesiam suam, publicada em 1966 ao finalizar a segunda sessão do Concílio, estabelecia que eram três os caminhos pelos que o Espírito Santo lhe impulsionava a conduzir a Igreja, respondendo aos “ventos de renovação” que desenrolavam as velas da barca de Pedro. Dizia ele mesmo no dia anterior à publicação de sua encíclica Ecclesiam suam: “O primeiro caminho é espiritual; se refere à consciência que a Igreja deve ter e fomentar de si mesma. O segundo é moral; se refere à renovação ascética, prática, canônica, que a Igreja necessita para dispôr-se à consciência mencionada, para ser pura, santa, forte, autêntica. E o terceiro caminho é apostólico; o temos designado com termos hoje em voga: o diálogo; quer dizer, se refere este caminho ao modo, a arte, ao estilo que a Igreja deve infundir em sua atividade ministerial no concerto dissonante, volúvel e complexo do mundo contemporâneo. Consciência, renovação, diálogo, são os caminhos que hoje se abrem ante à Igreja viva e que formam os três capítulos da encíclica”.
Cronologia do Concílio sob seu pontificado
29 de setembro de 1963 – Abertura da segunda sessão do Concílio. Paulo VI a encerra em 4 de dezembro com a promulgação da Constituição sobre a Sagrada Liturgia.
Janeiro de 1964 (4-6) – Paulo VI realiza uma viagem sem precedentes à Terra Santa, onde se dá um histórico encontro com Atenágoras I, Patriarca de Jerusalém.
6 de agosto de 1964 – Paulo VI publica sua encíclica Ecclesiam suam.
Terceira sessão conciliar – duraria de 14 de setembro até 21 de novembro de 1964. Se fecharia com a promulgação da Constituição sobre a Igreja. Naquela ocasião proclamou a Maria comoMãe da Igreja.
Dezembro de 1964 – Entre a terceira e a quarta sessão do Concílio, Paulo VI viaja a Bombay, para participar de um Congresso Eucarístico Internacional.
4 de outubro – Durante a quarta e última sessão do Concílio, viaja a Nova Iorque à sede da ONU, para fazer um histórico chamado à paz mundial ante os representantes de todas as nações.
7 de dezembro de 1965– Um dia antes de finalizar o grande Concílio, o Papa Paulo VI e o Patriarca Atenágoras I fazem uma declaração conjunta pela que deploravam e se levantavam os mútuos anátemas – pronunciados pelos representantes da Igreja Oriental e Ocidental em Constantinopla em 1054 e que marcavam o momento culminante do cisma entre as Igrejas do Oriente e do Ocidente.
8 de dezembro de 1965 – Confirmava solenemente os decretos do Concílio e proclamava um jubileu extraordinário, de 1 de janeiro a 29 de maio de 1966, para reflexão e renovação de toda a Igreja à luz dos grandes ensinamentos conciliares.
Os ensinamentos ao Povo de Deus
Pablo VI deixou um rico legado em seus muitos escritos. Dentro dessa longa lista cabe ressaltar a encíclica Populorum progressio, a qual trata sobre o tema do desenvolvimento integral da pessoa. Esta encíclica foi a base para a Conferência dos Bispos Latino-Americanos em Medelim. Também merece ser especialmente mencionada a exortaçãoEvangelii nuntiandi, carta magna da evangelização, que põe enfaticamente o anúncio de Jesus Cristo no coração da missão da Igreja. Para muitos, esta carta veio de algum modo, completar e aprofundar a Gaudium et spes. Além disso, constituiu o pano de fundo da III Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano, em Puebla.
São muito significativos também todos os ensinamentos dados por ocasião do Ano Santo da Reconciliação, em 1975, o que se manifesta em uma importante exortação apostólica: A Reconciliação dentro da Igreja. Por outro lado, é também de especial importância O Credo do Povo de Deus. Nele, o Papa Paulo VI faz uma formosa profissão de fé, que reafirma as verdades que se crê e vive no Corpo Místico de Cristo, tomando assim uma firme postura diante de não poucos intentos de agressão que sofria a fé cristã. A herança que deixou à Igreja com todos os seus escritos são valorosíssimas.
Seu trânsito à casa do Pai
Sua Santidade o Papa Paulo VI após seu incansável trabalho em favor da Igreja a que tanto amor mostrou, foi chamado à presença do Pai Eterno, em 6 de agosto de 1978, na Festa da Transfiguração (que curiosamente foi também a data da publicação da encíclica que anunciava o programa de seu pontificado). Acaso o Senhor mesmo, com este sinal de sua amorosa Providência, quis assinar com selo divino aquilo que o Santo Padre, poucos anos antes, havia escrito em uma preciosa exortação apostólica sobre a alegria cristã: “… existem muitas moradas na casa do Pai e para quem o Espírito Santo abrasa o coração, muitas maneiras de morrer a si próprios e de alcançar a santa alegria da Ressurreição. A efusão de sangue não é o único caminho. Sem embargo, o combate pelo Reino inclui, necessariamente, a experiência de uma paixão de amor (…) «per crucem ad lucem» e deste mundo ao Pai, no sopro vivificador do Espirito” (Gaudete in Domino, 37). E certamente, o Pai Eterno quis que este filho seu, tendo passado por muitos sofrimentos e tendo entregado exemplarmente sua vida no serviço amoroso da Igreja, passasse “da cruz à luz” no dia em que a Igreja celebrava a grande Festa da Transfiguração, que indica esperança à meta final que conduz à morte física de todo fiel cristão. E ele – como dissera João Paulo II – havia transitado esse caminho de modo exemplar: “(…) em quinze anos de pontificado, este Papa demonstrou não só a mim, mas a todo o mundo, como se ama, como se serve e como se trabalha e sofre pela Igreja de Cristo”.
Ele mesmo, vislumbrando esta magnífica realidade, deixaria escrito para todos em seu “Testamento”:
«Fixo o olhar no mistério da morte e do que a ela segue à luz de Cristo, o único que a esclarece; olho, portanto, para a morte com confiança, humilde e serenamente. Percebo a verdade que esse mistério projetou sempre sobre a vida presente e bendigo ao Vencedor da morte por haver dissipado em mim as trevas e descoberto a luz.
Por isso, ante a morte e a separação total e definitiva da vida presente, sinto o dever de celebrar o dom, a fortuna, a beleza, o destino desta mesma fugaz existência: Senhor, te dou graças porque me chamaste à vida e mais ainda porque me regeneraste e destinaste à plenitude da vida».
Postura pós-conciliar
O que inspirou o Papa Paulo VI a viver como Pastor universal do rebanho do Senhor, o resume o Papa João Paulo II em um valiosíssimo testemunho, pois ele – como ele mesmo disse – pôde “observar de perto” sua atividade: “Me maravilham sempre sua profunda prudência e valentia, assim como sua constância e paciência no difícil período pós-conciliar de seu pontificado. Como timão da Igreja, barca de Pedro, sabia conservar uma tranqüilidade e um equilíbrio providencial, inclusive, nos nomentos mais críticos, quando parecia que ela era sacudida por dentro, mantendo uma esperança constante em sua compatibilidade” (Redemptor hominis, 3).
Reflexões:
Pontificados de João XXIII e Paulo VI (Os Papas do Concílio) – por Página Oriente
O Papa da bondade (João XXIII), assim como o Papa Paulo VI, enfrentou seríssimas dificuldades, especialmente no tocante ao Concílio Ecumênico Vaticano II, já desde o seu advento e que seriam herdadas em seguida pelo seu sucessor. De fato, as perseguições não só persistem neste ponto, mas avançam vertiginosamente no mundo cibernético com facetas diversamente absurdas. Em meio às grosserias desprovidas de autenticidade, sugerem o envolvimento desses dois pontífices com sociedades secretas e uma série de outros impropérios, cuja irracionalidade encerra maiores comentários a respeito.
Não obstante a ignorância humana e a maldade dos tempos, aproveita-se material imundo para fins escusos, dando-lhe, porém, forma acadêmica com eloqüentes requintes para conquistar apreço didático e esmeroso respeito. Artifício que os católicos bem conhecem por outras deturpações históricas advindas desse tipo de proceder: Temas como inquisição e heresias, que invadiram escolas e universidades de forma absolutamente distorcida, pelas mãos de professores de quinta categoria, desprovidos de inteligência ou raciocínio histórico-científico. Proporcionalmente são poucos, mas subiram aos montes e soltaram ao vento as penas do saco.
Parte desse leque de mentiras, mais brandas que as primeiras, porém, não menos graves, são as acusações relativas aos decorrentes disparates pós-conciliares, por ocasião do pontificado do Papa Paulo VI.
Nessa época, terrível para o Papa, muitos falsos pastores, interpretando erroneamente algumas deliberações eclesiais, fomentaram uma espécie de insurreição dentro do clero, justamente no momento em que o mundo assistia a insana proliferação de movimentos tresloucados, marcados pela contracultura, agitações estudantis, levantes e bandeiras de liberdade e revolução. A dialética do proletariado lhes dava carona na batalha dos “anos rebeldes” e o fenômeno atingiu proporções nunca dantes vista.
Alguns setores da Igreja, queriam fazer acreditar, para a própria perdição, que o Concílio Vaticano II fosse uma espécie de expressão paralela daquela ebulição social das décadas de 60 e 70. Da mesma sorte, grande fatia financiada pelo “capital” de Karl Marx, fazia o jogo do comunismo, que gozava sua fase áurea. Baseando-se em pontos de dúbia interpretação doutrinária, o “quanto pior melhor” satisfazia plenamente aos marxistas, que fincariam sua cunha logo depois, pelas mãos da insurgente teologia liberticida. Por tudo isso, não erramos em afirmar que nenhum outro Papa enfrentou situação semelhante em toda a história como o Papa Paulo VI. Momentos de extremo sofrimento pelos desatinos, loucura, dureza de coração, dentro e fora da Igreja. Constatação óbvia pelo desabafo que não conseguiu conter no peito: “Estão demolindo a Igreja!”.
Todavia, tentaram, mas não conseguiram, estender o mar de lama para dentro do Concílio. Não atingindo o intento, deturparam em seguida o sentido das normas promulgadas e investiram poderosamente. Para nós está claro que Paulo VI segurou com rédeas curtas, o máximo que pôde ao “cavalo indomado”. Esta foi sua missão, assim como a do Papa João Paulo II, que sentiu na carne a opressão comunista, para derrubar o comunismo. Por isso, o Papa Bento XVI, por sua postura preservadora, é o Papa escolhido por Deus para restabelecer o rastro que sobrou tanto de uma luta como da outra. Este é o nosso parecer.
Voltando à questão, sugere ignorância, quando não má-fé, os ataques às deliberações firmadas pelos Padres Conciliares. Na verdade, os abusos e as distorções foram geradas externamente, mas aplicadas internamente por alguns bispos, padres e religiosos que estavam com pesamento e coração “lá fora”, porém, matutando o que iriam implantar “aqui dentro”. Macular o culto divino e implantar suas “novidades” à revelia de Roma, foi essa a intenção. Os abusos subseqüentes, como bola de neve, atingiriam níveis quase insuportáveis no que se refere às normas litúrgicas romanas. Tanto isso é verdade que o Papa Bento XVI, sem infringir ou revogar um só ponto do Concílio Vaticano II, recoloca agora o trem nos trilhos, instituindo em toda a Igreja latina um só rito litúrgico, ou seja, o antigo rito romano, seja pelo uso do Missal do Papa João XXIII, de 1962 (Missa em latim) ou do Missal do Papa Paulo VI, de 1970, conforme Motu Proprio Summorum Pontificum, de julho de 2007 (clique aqui e acesse o documento em português).
O Santo Padre, no momento atual, amarga a mesma dureza de coração e resistência, assim como seus predecessores. Salta aos olhos as incompreensíveis reações dentro de alguns setores do clero, da mesma forma barulhentos e não menos danosos. Após a publicação do aludido Motu Proprio, teve bispo na Itália dizendo estar “de luto” pelo fato do Papa ter “sepultado as determinações do Concílio Vaticano II”. Coisa de quem desconhece o teor das homologações conciliares, coisa de quem perdeu a noção de hierarquia, de quem resiste à Autoridade da Igreja, de quem deturpa tudo para gerar confusão e divisão. E, assim, a história se repete…
Nós, como católicos, devemos ter em mente algo bem cristalino: “Roma locuta, causa finita” – “Roma falou, causa encerrada”. Quem não acredita na Autoridade divina do Papa, quem não acredita ser ele o Representante de Cristo na terra, melhor arrumar a bagagem e procurar outra seita ou religião que se lhe adapte; elas existem aos montes por aí e em qualquer esquina. Em se tratando da Igreja de Cristo, é melhor um conteúdo reduzido, porém, de qualidade, do que uma caixa repleta de frutos deteriorados.
Impossível declarar-se católico quem discorda do Trono de Pedro.
Fonte: Página Oriente (http://www.paginaoriente.com/santos/paulovipapa.htm)