Deus não quer o sofrimento, como nos ensina o Evangelho deste Domingo (São Marcos, 1,29-39). «A sogra de Simão estava de cama com febre […]. Jesus aproximou-Se, tomou-a pela mão e levantou-a. A febre deixou-a e ela começou a servi-los.»
O Evangelho apresenta exemplos claros de como Jesus procurava acabar com o sofrimento, quando se cruzava com ele no seu caminho. Cura a sogra de Pedro e todos os doentes que a Ele acorrem. Também o sofrimento causado diretamente pelo demônio é sanado.
Mas não é possível acabar com todo o sofrimento do mundo. A nossa falta de aceitação de muitas coisas que até poderiam deixar-nos felizes é a primeira fonte de muitas dores.
O obsessão em fugir de tudo o que custa algum sacrifício, a procura obstinada do caminho mais fácil são outras tantas fontes de onde jorram lágrimas.
Além disso, é preciso ter presente que a mesma limitação da nossa natureza – uma capacidade que se desgasta com o andar dos anos – e a necessidade que temos de uma contínua correção do caminho a seguir, custam-nos.
Ao retirar-se para fazer oração e ao cumprir inteiramente a missão que o Pai Lhe confiou, Jesus ensina-nos como havemos de encontrar remédio para os nossos sofrimentos ou tirar proveito deles.
«Jesus curou muitas pessoas, que eram atormentadas por várias doenças, e expulsou muitos demónios.»
A passagem de Jesus faz surgir uma esperança em todos os que sofrem e um movimento de solidariedade, de tal modo que uns quantos voluntários transportam os doentes ao encontro de Jesus, para que os cure.
A ajuda que o Senhor nos pede é aproximá-los de Jesus pela oração e pelos sacramentos, além da ajuda amiga que lhes podemos prestar no alívio das suas dores.
Rezar com e pelos que sofrem, ajudando-os a ver a sua cruz à luz da fé é uma ajuda indispensável que lhes devemos prestar.
Quando visitamos um doente – sem cair na crueldade de despertar nele falsas esperanças de cura – havemos de deixá-lo mais conformado, mais otimista, vendo o seu sofrimento com outros olhos. Temos o melhor bálsamo para lhes aplicar que são as verdades da nossa fé.
Um dos tormentos que os acompanham é a convicção de que são inúteis, um peso insuportável para os seus. Isto não é verdade. Eles atraem sobre quem os trata as melhores bênçãos do Céu, porque é Jesus Cristo em pessoa que veneraramos no doente, com Ele nos disse: «O que fizerdes ao mais pequenino destes é a Mim que o fazeis.»
Além disso, possibilitam em quem os trata lucrar muitos merecimentos e expiar os seus pecados.
Eles são grandes corredentores. É preciso interessá-los para que ofereçam os sofrimentos pelos grandes problemas da Igreja.
«Simão e os companheiros foram à procura d’Ele e, quando O encontraram, disseram-Lhe: “Todos Te procuram”.»
Como os doentes contemporâneos de Jesus na terra, também nós temos necessidade de O procurar onde Ele Se encontra.
Podemos encontrá-lo na luz da Sua Palavra, na intimidade da oração e na força dos sacramentos, especialmente no da Reconciliação e Penitência e no da Eucaristia.
Toquemo-lo. Encontremo-nos com Ele, cheios de esperança, na Missa de cada Domingo.
Talvez não nos cura as dores físicas, mas o Seu Amor é bálsamo que as suaviza e conforta.
Maria, corredentora pelo sofrimento, sobretudo junto à Cruz, estará connosco para nos ajudar.
Dom Antônio Rossi Keller
http://www.encontrocomobispo.org/