Junto ao tema do diaconato, sobre serviço, o Papa Francisco recordou na Audiência Geral desta quarta-feira, o tema do martírio.
Com informação: Vatican News: Padre Arnaldo Rodrigues - Cidade do Vaticano
“O sangue dos mártires é a semente dos cristãos” (Tertuliano, Apologético, 50,13). Com esta frase de Tertuliano recordamos um dos grandes dons da Igreja: o martírio.
Algumas pessoas poderiam pensar que seria uma loucura ou ousadia chamar o martírio de dom, mas como disse São Oscar Romero, “o martírio é uma graça de Deus que eu acho que não mereço, mas se Deus aceita o sacrifício da minha vida, que o meu sangue seja uma semente de liberdade e o sinal de que a esperança será em breve realidade”.
Em sua catequese na Audiência Geral desta quarta-feira, 25, na Praça de São Pedro, o Papa Francisco – ao recordar Santo Estevão – reiterou que “hoje existem mais mártires que no início da vida da Igreja, e eles estão por todos os lugares”.
Somente nos meses de agosto e setembro de 2019, o Vatican News noticiou alguns cristãos que deram suas vidas em martírio: Padre David Tanko, na Nigéria, onde morreu lutando pela paz; Diana Isabel Hernández Juárez, na Guatemala, professora e lutou pela defesa do meio ambiente; Genifer Buckley, nas Filipinas, voluntária em uma escola secundária; Faustine Brou, Costa do Marfim, secretaria paroquial; Pe. Paul Offu, Nigéria. E assim tantos outros, que poderíamos recordar que por serem cristãos, foram convidados a testemunharem com a própria vida o Evangelho, dando testemunho da fé com o derramamento de seu sangue.
Segundo o Catecismo da Igreja Católica (n.2473):
“ O martírio é o supremo testemunho dado em favor da verdade da fé; designa um testemunho que vai até à morte. O mártir dá testemunho de Cristo, morto e ressuscitado, ao qual está unido pela caridade. Dá testemunho da verdade da fé e da doutrina cristã. Suporta a morte com um ato de fortaleza. ‘Deixai-me ser pasto das feras, pelas quais poderei chegar à posse de Deus – Santo Inácio de Antioquia, Epistula ad Romanos, 4, 1: SC 10bis, p. 110 (Funk, 1, 256). ”
Porém nem todos são chamados ao martírio de sangue, mas todos somos chamados a vivermos cotidianamente o “martírio branco”, que é o “martírio sem derramamento de sangue, em meio às perseguições”, como disse São Joao Paulo II no livro “Estou nas mãos de Deus”.
Todos os dias somos convidados a dar testemunho de nossa fé nas realidades mais cotidianas de nossas vidas. Em nossas casas com nossas famílias, no trabalho com as pessoas que passam parte do dia conosco, no trânsito com carro ou transportes públicos, nas paróquias que frequentamos etc.
Pensemos nas vezes em que temos que ser compreensíveis e pacientes com as pessoas que estão ao nosso redor. Nas vezes em que somos obrigados a suportar uma enfermidade, onde podemos nos lamentar, permanecendo em um espiral sem sentido, ou unir a dor do nosso sofrimento com os sofrimentos de Cristo, oferecendo por alguma intenção especifica.
Enfim, ao longo da nossa vida passamos por diversas provações que são os nossos martírios brancos diários. Todos eles nos ajudam a sermos verdadeiras testemunhas do amor de Deus, um amor concreto que passa também pelo martírio escondido da Cruz. Esse é o fermento da Igreja, como nos recordou Papa Francisco:
“ A Igreja cresce também com o sangue dos mártires, homens e mulheres que dão a vida. Hoje existem muitos. Curioso: não são notícia. O mundo esconde isso. O espírito do mundo não tolera o martírio, o esconde. (…). Peçamos também ao Senhor que, olhando os mártires de ontem e de hoje, possamos aprender a viver uma vida plena, acolhendo o martírio da fidelidade diária ao Evangelho e à conformação a Cristo. ”