“ Vinde a mim todos vós, que estais cansados e oprimidos, que Eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração e encontrareis descanso para o vosso espírito. Pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve ”. (Mt. 11, 28-30)
A Origem da Devoção e Promessas
A origem desta devoção deve-se a Santa Margarida Maria Alacoque, uma religiosa de uma Congregação conhecida como Ordem da Visitação. O Sagrado Coração de Jesus apareceu a Santa Margarida Maria Alacoque, jovem religiosa da Ordem da Visitação, para transmitir sua mensagem de misericórdia e confiança, expressa no coração humano e divino do Verbo Encarnado. Foram três as aparições de Jesus: A primeira deu-se a 27 de dezembro de 1673, a segunda em 1674 e a terceira em 1675.
Nas aparições, Cristo revelou seu Coração e nos deixou 12 promessas para quem venerar com fé seu Sagrado Coração. A devoção ao Sagrado Coração tem sua origem na própria Sagrada Escritura. O coração é um dos modos para falar do infinito amor de Deus. Este amor chega a seu ponto alto com a vinda de Jesus. A devoção ao Sagrado Coração aparece em dois acontecimentos fortes do evangelho: o gesto de São João, discípulo amado, encostando a sua cabeça em Jesus durante a última ceia (cf. Jo 13,23); e na cruz, onde o soldado abriu o lado de Jesus com uma lança (cf. Jo 19,34). Em um temos o consolo pela dor da véspera de sua morte, e no outro, o sofrimento causado pelos pecados da humanidade.
Em 1675, durante as aparições, Jesus faz um apelo a Santa Margarida Maria Alacoque e revela 12 promessas:
“Eis este coração que tanto tem amado os homens. Não recebo da maior parte senão ingratidões, desprezos, ultrajes, sacrilégios, indiferenças. Eis que te peço que a primeira sexta-feira depois da oitava do Santíssimo Sacramento (Corpo de Deus) seja dedicada a uma festa especial para honrar o Meu coração, comungando neste dia e dando-lhe a devida reparação por meio de um ato de desagravo, para reparar as indignidades que recebeu durante o tempo em que esteve exposto sobre os altares. E prometo-te que o Meu Coração se dilatará para derramar com abundância as influências de Seu divino Amor sobre os que tributem esta divina honra e que procurem que ela lhe seja prestada.”
As 12 Promessas do Sagrado Coração de Jesus
- 1ª Promessa: “A minha bênção permanecerá sobre as casas em que se achar exposta e venerada a imagem de meu Sagrado Coração”.
- 2ª Promessa: “Eu darei aos devotos de meu Coração todas as graças necessárias a seu estado.”
- 3ª Promessa: “Estabelecerei e conservarei a paz em suas famílias”.
- 4ª Promessa: “Eu os consolarei em todas as suas aflições”.
- 5ª Promessa: “Serei refúgio seguro na vida e principalmente na hora da morte”.
- 6ª Promessa: “Lançarei bênçãos abundantes sobre os seus trabalhos e empreendimentos”.
- 7ª Promessa: “Os pecadores encontrarão em meu Coração fonte inesgotável de misericórdias”.
- 8ª Promessa: “As almas tíbias tornar-se-ão fervorosas pela prática dessa devoção”.
- 9ª Promessa: “As almas fervorosas subirão em pouco tempo a uma alta perfeição”.
- 10ª Promessa: “Darei aos sacerdotes que praticarem especialmente essa devoção o poder de tocar os corações mais endurecidos”.
- 11ª Promessa: “As pessoas que propagarem esta devoção terão o seu nome inscrito para sempre no meu Coração”.
- 12ª Promessa: “A todos os que comunguem nas primeiras sextas-feiras de nove meses consecutivos, darei a graça da perseverança final e da salvação eterna”.
Papas que alentaram a devoção ao Sagrado Coração de Jesus
Papa Pio XII – “Todas as Bênçãos que, do Céu, a Devoção ao Sagrado Coração de Jesus derrama sobre as almas dos Fiéis, purificando-os, trazendo-lhes uma grata consolação celeste e exortando-os a alcançar todas as virtudes, são verdadeiramente inumeráveis.”
Papa Pio XII – “A Igreja teve sempre em tal estima a Devoção ao Sagrado Coração de Jesus, e de tal modo continua a considerá-la, que se empenha totalmente no sentido de a manter florescente em todo o mundo, e de a promover por todos os meios possíveis.”
Papa Leão XIII disse que a Devoção ao Sagrado Coração de Jesus era “uma forma por excelência de religiosidade (…) Esta devoção, que recomendamos a todos, será para todos proveitosa.” – “No Sagrado Coração está o símbolo e a imagem expressa do Amor Infinito de Jesus Cristo, que nos leva a retribuir-Lhe esse Amor.”
Papa Pio XII – “O Seu Coração é o sinal natural e o símbolo do Seu Amor sem limites para com a humanidade.”
O Papa São Gregório Magno († 604 AD) disse: “Aprendei do Coração de Deus e nas próprias palavras de Deus, para poderdes aspirar ardentemente às coisas eternas.”
O Beato Papa João Paulo II disse no Ângelus do dia 21 de julho de 1985: “O Coração de Jesus é «Fornalha ardente de caridade», porque o amor possui algo da natureza do fogo que arde e queima para iluminar e aquecer. Ao mesmo tempo, no Sacrifício do Calvário, o Coração do Redentor não foi aniquilado com o fogo do sofrimento. Embora humanamente morto, como constatou o centurião romano quando transpassou o costado de Cristo com a lança, na economia divina da salvação este Coração permaneceu vivo como o manifestou a Ressurreição.
O Coração vivo do Redentor ressuscitado e glorificado é pleno de bondade e de amor, infinita e sobrenaturalmente pleno. O transbordar do coração humano alcança em Cristo a medida divina. Assim foi este Coração já durante os dias da sua vida terrena. Toda a narração do Evangelho o testemunha. A plenitude do amor se manifesta através da bondade: através da bondade se irradiava e se difundia a todos, em primeiro lugar aos que sofrem e aos pobres, e a todos segundo suas necessidades e expectativas mais verdadeiras. Assim é o Coração humano do Filho de Deus, inclusive depois da experiência da Cruz e do Sacrifício. Melhor dizendo, mais ainda transbordante de amor e de bondade.” [1]
Papa Bento XVI – “Em muitas igrejas e muitas comunidades se celebra esta devoção (do Sagrado Coração de Jesus). Eu os animo a manter esta formosa tradição”.
A História de Santa Margarida Maria Alacoque
Santa Margarida Maria Alacoque nasceu em 22 de agosto de 1647 na diocese de Autun (França).
Desde a mais tenra idade até a sua adolescência, sofreu as mais duras provações. Já com saúde frágil, não tinha completado ainda oito anos quando perdeu o pai e logo em seguida a irmã. A mãe e os irmãos, eram vítimas das perseguições diárias de tias rabugentas com as quais habitavam. Sua mãe, sofrendo de longa e dolorosa doença, foi carinhosamente amparada pela pequena Margarida, apesar da repulsa que certos cuidados exigiam à sua extrema sensibilidade.
A sua mudança para o convento das Irmãs clarissas, que cuidariam dela e de seu aprimoramento religioso, representou um período difícil pela separação da vista da mãe. A decisão de enviá-la para as clarissas não foi tanto pelas inconveniências em cuidar da mãe, mas principalmente pela luta diária diante da falta de amabilidade e incompreensão dos que a rodeavam. Permaneceu no convento das clarissas, porém, ligada à vida secular até atingir a juventude.
Certo dia, quando participava de uma missa, mesmo sem conhecer o sentido exato, pronunciou inspiradas palavras de consagração ao Senhor: “Ó meu Deus”, disse, “consagro-vos a minha pureza e faço-vos voto perpétuo de castidade”. Uma doença, porém, passou a lhe atormentar por um período de quatro anos, de modo que o sofrimento tornou-se constante, já que nenhum medicamento era eficaz para abrandar as intensas dores no organismo. Foi quando, milagrosamente, a doença regrediu até a cura, e por este motivo consagrou-se à Virgem Maria, prometendo entrar no serviço religioso. Estava decidida a ingressar na Congregação das Ursulinas, quando uma voz secreta disse-lhe: “Não a quero lá, mas em Santa Maria…! Estava claro que o Senhor destinara ela para a Congregação das Irmãs da Visitação e isto já era prefigurativo de como ela iria glorificar o Senhor na propagação do Coração de Jesus. As palavras do fundador da Ordem da Visitação, São Francisco de Sales, quando escreveu a São Jeanne de Chantal em 10/06/1611, demonstravam já a devoção da congregação aos Corações de Jesus e Maria: “Realmente, a nossa pequena congregação é uma obra do Coração de Jesus e de Maria”. Devoção correlatada por São Jeanne de Chantal: “As Irmãs da Visitação são bem humildes e fiéis a Deus, e terão o Coração de Jesus como residência e estada neste mundo”.
Santa Margarida foi acolhida no convento das Irmãs da Visitação de Paray-le-Monial. Ali mesmo o Senhor se manifestaria a ela em revelações distintas, relativas à difusão da consagração e amor ao Seu Coração. Apareceu-lhe por numerosas vezes, e deu a conhecer que seria ela o instrumento para arrebanhar o maior número de pessoas ao Amor de Seu Coração. A essência da mensagem, porém, agrupa-se em três revelações:
A primeira ocorreu em 27 de dezembro de 1673, conforme relatou Santa Margarida: “Diversas vezes, diante do Santíssimo Sacramento… “encontrei-me inteiramente investida desta divina presença… eu abandonei-me ao Seu Divino Espírito, por força do Amor o Seu divino Coração… Ele me fez repousar de forma extrema e por um longo tempo sobre o Seu divino peito, onde pude descobrir as maravilhas do Seu amor, e os segredos mais profundos e inexplicáveis do Sagrado Coração… Ele me disse: “O Meu divino Coração transborda de amor para os homens, de modo especial por você, que não poderá mais conter para si a luz das chamas da brilhante caridade; é necessário que seja difundida aos homens, e que lhes seja manifesto para enriquecê-los dos preciosos tesouros que te revelei…”
A segunda, situa-se provavelmente deu-se em uma das primeiras sextas-feiras do ano 1674: “E numa das vezes, entre tantas outras, em que o Santíssimo Sacramento estava exposto, após ser eu retirada do interior de mim mesma… Jesus Cristo, Meu suave Mestre, apresentou a mim, repleto da sua glória, suas cinco chagas, brilhantes como cinco sóis, e desta sagrada Humanidade saíam chamas de todas as partes, sobretudo do Seu adorável peito, semelhante à uma fornalha; neste instante revelou-me todo o amor e todo o seu amável Coração e o estado da fonte viva destas chamas. Ele revelou-me as maravilhas inexplicáveis de seu Puro Amor, excessivamente entregue aos homens, dos quais recebia apenas frieza e ingratidão…”
Na terceira, ocorrida durante o mês de junho de 1675, Jesus exigiu que fosse feita uma festa especial ao Seu Sagrado Coração: “Numa das tantas vezes em que encontrava-me diante do Santíssimo Sacramento, revelou-me Deus as graças excessivas de Seu Amor… Então, mostrando-me Seu divino Coração, disse: “Aí está o Coração que tanto tem amado os homens, a ponto de nada poupar até exaurir-se e consumir-se para demonstrar-lhes o seu amor; … eu te exijo mais, que na primeira Sexta-feira de acordo com a oitava do Santíssimo Sacramento, seja dedicada e junte-se à esta festa por honra ao Meu Sagrado Coração, fazendo que seja de igual honra àquele dia, a fim de reparar as indignidades e ultrajes durante o tempo em que o viram exposto sobre os altares.
Santa Margarida, porém, enfrentaria diversos obstáculos na propagação das revelações feitas a ela por Nosso Senhor. Não tardou que fossem levantadas críticas e colocadas em dúvida as suas experiências místicas. Submetida às mais duras provações e intensas humilhações, Deus enviou ao mosteiro um santo sacerdote que, a princípio passou a estudar minuciosamente os fenômenos relatados. Posteriormente, tornaria-se ele propagador e apóstolo do Sagrado Coração de Jesus: Padre Cláudio de La Colombiere.
No último ano da sua vida, Santa Margarida teve a oportunidade de ver a propagação da devoção ao Sagrado Coração de Jesus; viu também um grande número de críticos e opositores tornarem-se fervorosíssimos propagadores da santa devoção. Deus revelou-lhe o mistério da Santíssima Trindade, durante uma das suas aparições.
Jesus deixou grandes promessas às pessoas que, aproveitando-se da Sua divina misericórdia, participassem das comunhões reparadoras das primeiras sextas-feiras: “Prometo-te, pela Minha excessiva misericórdia e pelo amor todo-poderoso do meu Coração, conceder a todos os que comungarem nas primeiras sextas-feiras de nove meses consecutivos, a graça da penitência final; não morrerão em minha inimizade, nem sem receberem os sacramentos, e meu divino Coração lhes será seguro asilo nesta última hora”.
Tais manifestações divinas sucederam num período em que a heresia jansenista, retratava um braço do protestantismo a propagar seus erros no seio da Igreja, tentando aniquilar a concepção da misericórdia de Deus e da confiança dos fiéis em relação ao Pai Celeste. A mensagem misericordiosa de Cristo, que aos poucos foi se impondo no convento da Visitação, acabou espalhando-se rapidamente entre as nações e em seguida instituída a sua prática em toda a Igreja Universal.
Santa Maria Margarida Alacoque faleceu aos 43 anos de idade, em 17 de outubro de 1690 e foi canonizada em 1920, pontificado do Papa Bento XV.
Reflexões
A história de Santa Margarida nos transporta ao Evangelista e Apóstolo João, que tinha por costume reclinar sua cabeça junto ao peito de Jesus. Ali encontrava abrigo e proteção; com íntima pureza de criança, ouvia as batidas do Sagrado Coração, penetrando em todos os seus insondáveis mistérios, na plenitude de Sua misericórdia, do Seu Amor infinito. Os evangelistas referem-se a ele como “o discípulo que Jesus amava”. Ele que, junto a Maria Santíssima fez-se presente aos pés da Santa Cruz; ele, que representando toda a humanidade, recebeu das mãos de Jesus a Maria. A Mãe de Deus, naquele momento, era a ele confiada como Mãe de todos os homens. É certo que São João foi Maternalmente consolado e amparado, encontrando junto ao Imaculado Coração, o mesmo aconchego filial que recebera carinhosamente do Divino Mestre. Santa Margarida, ao ser milagrosamente curada, propôs-se a entrar no Convento das Irmãs Ursulinas, mas Jesus como que “cochichando” em seu ouvido, mandou que ingressasse no Mosteiro de Santa Maria da Visitação, pela devoção que a congregação cultivava pelos Corações de Jesus e Maria. Assim como São João, Santa Margarida conheceu o Coração de Jesus de perto, penetrando nas suas mais íntimas maravilhas, impossíveis de serem assimiladas pelo nosso frágil discernimento. Mas é justamente para nós que está direcionada esta graça, a graça de obter os favores espirituais através da devoção ao Sagrado Coração de Jesus. É mais um dom precioso que o Senhor nos deixou por herança. Não passemos indiferentes diante deste tesouro valiosíssimo, capaz de proporcionar abundantes graças não só para nós ou para nossas famílias, mas extensiva a todas as pessoas que andam mais afastadas da Igreja e, particularmente, às almas que ainda padecem no purgatório.
Pensamentos de Santa Margarida Maria Alacoque
“Nunca desconfieis da misericórdia do Sagrado Coração, que é infinitamente maior que todas as nossas misérias”.
“O Sagrado Coração quer reinar no coração do mundo inteiro porque todos lhe foram dados por herança”.
“O maior testemunho de amor que podemos dar ao Sagrado Coração e a melhor reparação que lhe podemos oferecer é unirmo-nos a Ele, muitas vezes, pela comunhão sacramental e desejarmos ardentemente essa união pela comunhão espiritual”.
“Todos podemos ser apóstolos do Sagrado Coração, porque temos corpos capazes de sofrer e trabalhar, e corações para amar e orar”.
* Do livro “O Coração de Jesus, segundo a doutrina de santa Margarida Maria Alacoque”. [2]
Fontes:
[1] Wikipedia e Paróquia Sagrado Coração de Jesus – São Paulo/SP
[2] Página do Oriente