
Em tempos de incertezas e desafios, a virtude da esperança se apresenta como uma luz serena que guia os cristãos em meio às trevas. Mas o que, afinal, é a esperança? Segundo o Catecismo da Igreja Católica (n. 1817), ela é uma virtude teologal pela qual “desejamos, como nossa felicidade, o Reino dos Céus e a vida eterna, colocando nossa confiança nas promessas de Cristo e apoiando-nos na ajuda da graça do Espírito Santo”.
Simplificando, a esperança é o “sim” que damos todos os dias ao amor de Deus, mesmo quando tudo parece contradizê-lo. Não se trata de um otimismo superficial, nem de uma fuga da realidade, mas de uma confiança profunda e perseverante na fidelidade de Deus.
“A esperança é a fé em marcha”, afirma Pe. Francisco Faus.
De fato, a esperança cristã está enraizada na certeza de que Deus é fiel e nunca abandona os seus filhos. Ainda que soframos, ainda que venham tempestades, a esperança não nos deixa afundar, pois nos faz olhar para além das aparências, rumo ao céu, nossa pátria definitiva.
A esperança é fortalecida na oração, especialmente quando passamos pela noite escura da alma (momentos de secura espiritual em que a fé é provada). É nesses momentos que aprendemos a esperar contra toda esperança, como fez Abraão, que “creu contra toda a esperança” (Rm 4,18), confiando nas promessas de Deus mesmo quando tudo parecia impossível.
Além disso, a esperança tem um rosto concreto: ela nos move a agir. Não é espera passiva, mas ativa. Um cristão esperançoso é aquele que ama, que serve, que se levanta mesmo após uma queda, que perdoa e recomeça, porque sabe que sua vida está nas mãos de Deus. Como dizia Santa Teresa d’Ávila: “Nada te perturbe, nada te espante, tudo passa; Deus não muda. A paciência tudo alcança. Quem a Deus tem, nada lhe falta. Só Deus basta.”
Na vida paroquial, somos chamados a ser sinais dessa esperança. Ao visitar um doente, ao acolher alguém em sofrimento, ao ensinar a fé às crianças, ao consolar quem chora, tornamo-nos instrumentos da esperança que vem de Deus, pois “a esperança cristã é contagiosa: acende luzes nas almas que nos cercam”.
Em tempos de frieza espiritual e desânimo, a virtude da esperança é um dom que precisamos cultivar com zelo. Que cada fiel possa dizer, com o coração firme: “Eu creio, Senhor, que Tu estás comigo; eu espero em Ti, mesmo quando não Te vejo”. E que essa esperança, plantada por Deus em nosso coração no batismo, cresça até se transformar em plena alegria no céu.
No Coração de Jesus e Maria,
Frederico Coqueiro Dias
1 comentário
Lindo texto. Didático, reflexivo e “dá esperança”!