Acaso Cristo está dividido?
Já se aproxima a celebração da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos no período de 01 a 08 de junho, que, neste ano, refletiremos o tema “Acaso Cristo está dividido?”, motivados pelo lema bíblico de 1 Cor 1, 1-17. Na verdade, esta semana foi organizada pelos irmãos e irmãs do Canadá, país marcado pela diversidade de idiomas, cultura, clima e diversas expressões de fé. Com isso, eles nos desafiam a encontrar, também, respostas pacíficas para uma convivência respeitosa diante da diversidade cultural e de diversas expressões de fé em nosso país. Pois “um dos grandes desafios hoje é saber viver e conviver com a diferença cultural”. Ademais porque somos cristãos. E não podemos, de modo algum, invocar o nome de Cristo para construir barreiras entre nós, pois Ele é comunhão e unidade. Desse modo, convidamos a todos da comunidade eclesial a se envolverem, de algum modo, neste grande mutirão pela Unidade dos Cristãos.
De fato, parece-nos que é de grande urgência que os cristãos de nossas comunidades eclesiais tomem consciência da importância e beleza do diálogo ecumênico e que rezem pela Unidade como o próprio Cristo rezou “para que todos sejam um” (Jo 17,21). Pois a diversidade é “expressão de infinita beleza” que revela a imensa riqueza da multiforme graça de Deus, que não se deixa vencer em amor e generosidade. Por isso, é que se diz que a unidade na diversidade não é prejudicial; “o que é prejudicial é a luta ou a imposição da uniformidade. A unidade é tão divina que precisa ser suplicada todo dia, não somente numa semana”.
Nesta perspectiva, percebe-se que é muito significativo que o tema da semana de oração pela unidade dos cristãos seja uma provocativa do Apostolo Paulo, que interroga os Corintos, uma comunidade de conflitos e divisões, qual a verdadeira essência da fé cristã? Isto porque alguns diziam ser de Paulo, outros de Pedro e outros, ainda, de Apolo. Assim, pergunta o Apóstolo: Será que Cristo está dividido? Ora, certamente, Paulo quer levar a comunidade a perceber que não é o Cristo que está dividido, mas a comunidade que não estreita os laços de união no mesmo espírito e no mesmo modo de pensar, vivendo em constantes conflitos.
Com efeito, “não é Cristo que está dividido; divididos estão os nossos relacionamentos e opiniões, com diferentes interpretações”. “São nossas comunidades eclesiais que continuam a incorporar escandalosas divisões”. E atitudes escandalosas, como proselitismo, brigas doutrinais e divisões nas igrejas cristãs, que nos isolam e nos separam uns dos outros, trazem consequências gravíssimas para o anúncio da fé cristã. Como disse o Papa Francisco: “dada a gravidade do contra-testemunho da divisão entre cristãos, torna-se urgente a busca de caminhos de unidade” (EG 244). Pode ser que muitos homens hodiernos, sedentos de Deus, não cheguem ao conhecimento da verdade e de terem a alegria de serem iluminados pela luz da fé, pelo contra-testemunho dos cristãos que não vivem a unidade tão querida e sonhada por Cristo. Nisso, como menciona o subsídio para a semana da unidade, a carta de Paulo aos Coríntios, também se dirige a nós hoje. Pois dentro da nossa diversidade ela nos convida a reconhecer que, como Igreja em nossos lugares específicos, não podemos estar isolados ou atuar uns contra os outros. Temos que afirmar nosso inter-relacionamento com todos que invocam o nome do Senhor.
Tendo presente esta urgência, não podemos ficar estagnados sem nada fazer em prol do diálogo ecumênico entre os cristãos. Pois da concórdia, da estima, da oração comum e do amor mútuo entre os cristãos dependem o crescimento, a eficácia e a fecundidade de nossas comunidades cristãs. O Papa Francisco nos diz que a credibilidade do anúncio cristão seria muito maior, se os cristãos superassem as suas divisões… (EG 244). Nesse sentido, motivamos e desejamos que as Igrejas preparem e celebrem com alegria a semana de oração pela Unidade, elevando uma súplica ao Espírito de Deus que nos ajude a concretizar em nosso meio à oração de Jesus ao Pai “para que todos sejam um”.
Para isso, o subsídio para a realização da semana, elaborado pelo grupo ecumênico do Canadá e adaptado à realidade do Brasil, é muito rico e bonito, trazendo muitas sugestões para a realização da Semana da Unidade. Seria muito triste se não aproveitássemos desse material para uma profunda reflexão “sobre a provocativa pergunta do Apóstolo Paulo em I Coríntios: Acaso Cristo está dividido? Por isso, “somos convidados à esperança e à ação. Somos convidados a buscar a unidade e tolerância, e assim, sermos sinal de esperança e compromisso na força transformadora de Deus”.
Nisso, o caderno, de estudo e celebração da Semana, propõe:
Duas celebrações: uma inicial e outra para o Domingo de Pentecostes;
Estudos direcionados a crianças, jovens e adultos;
Reflexões bíblicas e orações para momentos de espiritualidade e grupos de reflexão.
Porém, o caderno pode ser utilizado como subsídio de formação para todo ano de 2014. Mas, ainda, convidamos a todos para participarem, na cidade de Marília, de dois momentos significativos para diálogo ecumênico dentro da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos:
Painel de Experiência Ecumênica: Dia 03 de junho às 19h:30 – Auditório da FAJOPA;
Celebração Ecumênica de Oração pela Unidade dos Cristãos: dia 05 de junho às 19h:30 – Anfiteatro do Colégio Sagrado Coração de Jesus.
Por fim, como o Apóstolo Paulo, agradeçamos a Deus pela graça da fé que nos foi dada em Jesus Cristo. Pois é Nele que recebemos todas as riquezas, tanto da palavra quanto do conhecimento (1Cor1,4-5). Sejamos gratos ao Senhor pela comunidade, aonde podemos fazer a verdadeira experiência do amor. “Como nos faz bem, apesar de tudo amar-nos uns aos outros” (EG 101). E, ainda, peçamos ao Senhor, como nos convidou o Papa Francisco, que nos faça compreender a lei do amor. E não deixamos que nos roubem o ideal do amor fraterno (EG 101).
Pe. Valmir Vieira Cardoso
Assessor Diocesano da pastoral para o Ecumenismo e Diálogo Inter-religioso
Vigário paroquial da Paróquia Santo Antônio de Marília.