Agosto, mês em que a liturgia invoca ‘Nossa Senhora Rainha’

Nossa Senhora, verdadeira Mãe de Jesus Cristo, Rei do Universo, é invocada hoje com o título de Rainha do Céu e da Terra. Antigamente a festa da realeza de Nossa Senhora era celebrada no dia 31 de maio.

A liturgia sagrada já invoca a Mãe de Deus com os títulos de Rainha dos Anjos, dos Patriarcas, dos Profetas, dos Apóstolos, dos Mártires, dos Confessores, das Virgens, de todos os  Santos, Rainha Imaculada, Rainha do Santíssimo Rosário, Rainha da Paz e Rainha Assunta ao Céu.

Este título de Rainha exprime então o pensamento de  a Santíssima Virgem se  avantajar a  todas as  ordens de  santidade e de  virtude, Rainha dos meios que levam a Jesus Cristo, e de que, sendo Rainha  assunta ao Céu, já era sobre a terra, isto é, Rainha reconhecida pela terra e pelo céu como sendo a criatura mais perfeita e  mais avantajada em toda a  santidade e  semelhança de Deus Criador!

Mas, quando falamos no título da Realeza de Maria Santíssima, trata-se da  Realeza que Lhe cabe por direito como Soberana, deduzida das  suas relações com Jesus Cristo, Rei por direito de tudo o criado, visível e invisível,  no céu e na terra.

 Efetivamente as prerrogativas de Jesus Cristo tem todas os seus reflexos na Santíssima Virgem, Sua Mãe admirável: Assim Jesus Cristo é o Autor da graça, e Sua Mãe é a dispenseira e intercessora de todas as  graças;  Jesus Cristo está unido à Santíssima Virgem pelas suas  relações de Filho e nós, corpo místico de Jesus Cristo, estamos também unidos a Sua Mãe pelas relações  que Ela tem conosco como Mãe dos homens.  E assim, pelo reflexo da Realeza de Jesus Cristo, seu filho, Ela é Rainha do céu e da terra, dos Anjos e dos homens, das famílias e dos  corações, dos justos e dos pecadores que, na Sua  Misericórdia real, encontram perdão e refúgio.

Oh! Se os homens aceitassem, de verdade prática, a Realeza da Santíssima virgem, em todas as nações, em todos os  Lares e  realmente pelo seu governo maternal regulassem os interesses  deste mundo material, buscando primeiro que tudo o Reino de Deus, o Reino de Maria Santíssima, obedecendo aos seus ditames e  conselhos Reais, como depressa se  mudaria a  face da terra!

Todas as heresias foram,  em todos os  tempos, vencidas pelo cetro da Santíssima Mãe de Deus. Nesses  nossos tempos, tão conturbados pelas  sumas das heresias, os homens debatem-se numa pavorosa luta em que vemos e apalpamos, da maneira mais trágica, serem insuficientes os meios humanos para restabelecer a paz na sociedade humana! De resto, demasiado puderam os homens a  sua confiança nos  sistemas  sociais, nos meios do progresso científico, no poder das armas  de destruição, no terrorismo,  e  tudo isso só serviu para o mundo assistir agora desorientado à maldição profetizada aos homens que põem  a sua confiança nos homens, afastando-se de Deus e da ordem sobrenatural da graça!

Maria Santíssima, Rainha do Céu e da terra, foi sempre a  vencedora de todas as batalhas de Deus: Voltem-se os governantes do mundo para Ela e  o Seu cetro fará triunfar a causa do bem, com o triunfo da Igreja e  do Reino de Deus!

ENCÍCLICA DO PAPA PIO XII SOBRE A FESTA DE NOSSA SENHORA RAINHA

O Papa pio XII, em encíclica dirigida aos membros do episcopado a respeito da Realeza de Maria, recorda que o povo cristão sempre se dirigiu à Rainha do céu nas circunstâncias felizes e sobretudo nos períodos  graves da história da Igreja.

Antes de anunciar a sua decisão de instituir a festa litúrgica da “Santa Virgem Maria Rainha”, assinalou o Papa:  “Não queremos propor com isso ao povo cristão uma nova verdade e acreditar, porque o próprio título e os  argumentos que justificam a dignidade real de Maria já foram abundantemente formulados em todos os tempos e  encontram nos documentos antigos da Igreja e nos livros litúrgicos. Tencionamos apenas chamá-lo com esta encíclica a  renovar os louvores à nossa Mãe do céu, para reanimar em todos os espíritos uma devoção mais ardente e  contribuir assim para o seu bem espiritual”

Pio XII cita em seguida as palavras dos doutores e santos que desde a origem do Novo testamento até os nossos dias salientaram o caráter soberano, real, da Mãe de Deus, co-redentora: Santo Efrem, São Gregório de Naziano, Orígenes, Epifânio, Bispo de Constantinopla, São Germano, São João Damasceno, até Santo Afonso Maria de Ligório.

Acentua o Santo Padre que o povo cristão através das idades, tanto no oriente quanto no ocidente, nas mais diversas  liturgias, cantou os louvores de Maria, Rainha  dos Céus.

“A iconografia, disse o Papa, para traduzir a dignidade real da bem-aventurada Virgem Maria, enriqueceu-se em todas as  épocas com obras de arte do maior valor. Ela chegou mesmo a  representar o divino Redentor cingindo a fronte de sua Mãe com uma coroa refulgente”.

 Na última parte do documento o Papa declara que tendo adquirido, após longas e maduras reflexões, a convicção de que decorrerão para a Igreja grandes vantagens dessa verdade solidamente demonstrada”, decreta e institui a  festa de Maria Rainha,  e ordena que nesse dia se renove a  consagração do gênero humano do Coração Imaculado na Bem-Aventurada Virgem Maria “porque nessa consagração repousa uma viva esperança de ver surgir uma era de felicidade que a paz cristã e  o triunfo da religião alegrarão”.

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