Li o artigo de Dom Milton Kenan Junior, bispo auxiliar da Arquidiocese de São Paulo, na Região Brasilândia, que tem o título acima e encantei-me pelo seu conteúdo. Dom Milton chama nossa atenção para a narração da cura dos dez leprosos, onde se lê que um dos curados, adiando o requisito legal, retorna, dá glória a Deus em alta voz, dá graças a Jesus e se prostra a seus pés. O gesto do leproso samariatano põe em relevo a ingratidão dos nove leprosos judeus, que parecem esquecer-se de deveres elementares ou não reconhecer a mediação de Jesus (cf. Lc 17,11-19).
Num primeiro olhar, a atitude daquele pobre samaritano parece de pouca importância. Na verdade, o que ele fez, qualquer pessoa bem-educada faria, e talvez ainda melhor do que ele. Entretanto, a atitude daquele samaritano foi de uma grandeza extraordinária, a ponto de tocar o coração de Jesus! A narrativa evangélica parece nos indicar que fé e gratidão caminham juntas. Acredita, de fato, quem é capaz de agradecer! A fé permite reconhecer que “tudo é graça”, parafrasenado Bernanos, no seu livro: “Diário de um padre de aldeia”. Aprender a descobrir que tudo é gratuito, que Deus se faz imenso dom, diante daqueles para os quais a atitude é sempre da agradecimento.
Parece que hoje, infelizmente, perdemos a capacidade de agradecer, talvez porque deixamos de nos surpreender. O Papa Francisco, em suas pregações, tem repetido que é preciso deixar-nos surpreender por Deus. “Quem é homem e mulher de esperança – a grande esperança que a fé nos dá – sabe que, mesmo em meio às dificuldades, Deus atua e nos surpreende” (Homilia da missa em Aparecida). Deus é sempre novo, é sempre novidade e, por isso mesmo, é sempre imprevisto. O Papa Francisco chama à esta realidade de: “o princípio da primazia da graça”. “É sempre importante saber que a primeira palavra, a iniciativa verdadeira, a atividade verdadeira vem de Deus e só inserindo-nos nesta iniciativa divina, só implorando esta iniciativa divina, nos podemos tornar também – com Ele e n’Ele – evangelizadores” (A alegria do evangelho, 112).
É preciso aprender, novamente, a maravilhar-se diante dos gestos de Deus, à primeira vista gestos tão pequenos, tão sem importância, mas se acolhidos com gratidão, gestos que assumem uma proporção inimaginável, com valor de eternidade. Nesse sentido, com toda a alegria do meu coração, quero agradecer as orações e o apoio que tenho recebido no início do meu episcopado na diocese de Marília. Agradeço a acolhida dos padres, diácono, religiosos, religiosas, seminaristas, leigos e leigas. Agradeço sobretudo à alegre acolhida de Dom Osvaldo Giuntini, que para mim, tem sido um pai amoroso. Quero aprender a agradecer, cada vez melhor, a Deus, que sempre nos surpreende com seu amor e com sua generosidade e, se puder pedir um presente de Ano Novo, pediria que nossa diocese possa voltar-se, cada dia mais, para o nosso Primeiro Plano Diocesano de Pastoral. Peço a Jesus que caminhe conosco e nos encoraje no estudo e na realização deste Plano, unindo nossa diocese num só coração e numa só alma!