“Batizados e enviados” foi o tema escolhido pelo Papa Francisco para o mês missionário extraordinário, que acontece em outubro de 2019, por conta da comemoração do centenário da promulgação da carta apostólica “Maximum illud”, do Papa Bento XV.
O Papa Francisco nos diz que a celebração deste mês ajudar-nos-á a reencontrar o sentido missionário da nossa adesão de fé a Jesus Cristo, fé que recebemos com o dom gratuito no Batismo, pelo qual fomos feitos filhos de Deus. Recebemos esse dom da filiação e somos chamados a levar a Boa Nova a todos, sem excluir ninguém, pois Deus que todos tem salvo, chegando ao conhecimento da verdade e da experiência de sua misericórdia por meio da Igreja.
O Santo Padre pede que sejamos uma Igreja em saída, missionaria, e que a fé que recebemos de Jesus nos faça enxergar o mundo com os olhos de misericórdia do Pai, de modo que essa experiência nos abra também aos horizontes eternos da vida divina, de que verdadeiramente participamos. Uma Igreja em saída até os extremos confins requer constante conversão missionária. Os santos, homens e mulheres de fé, nos dão testemunhos muito vivos, mostrando-nos como é possível praticar essa saída misericordiosa motivada pelo impulso urgente do amor, do sacrifício, e da gratuidade.
No Batismo, tornamo-nos filhos no Filho (Jesus) e recebemos a graça santificante que age em nós para nossa salvação. Assim, temos a alegria de não sermos órfãos. Somos filhos dos nossos pais naturais, mas, no Batismo, é nos dada a paternidade primordial e a verdadeira maternidade: passamos a ter Deus como Pai e a Igreja como mãe (cf São Cipriano, A unidade da Igreja, 4).
É inerente em nosso Batismo o envio expresso por Jesus: “como o Pai Me enviou, também Eu vos envio a vós, cheios de Espirito Santo para a reconciliação do mundo” (cf. Jo 20, 19-23; Mt 28, 16-20). Esse envio se destina a todos os cristãos, para que a ninguém falte o anúncio da sua vocação a filho adotivo, a certeza da sua dignidade pessoal e do valor intrínseco de cada vida humana desde a concepção até a sua morte natural. Cada batizado é convocado a ser “uma missão no mundo”.
Assim, a Igreja necessita de homens e mulheres que, em virtude do seu Batismo, respondam generosamente ao chamado para sair do seu comodismo, das “zonas de conforto” para serem anunciadores da Boa Nova. Somos enviados aos “gentios do nosso tempo”, ao mundo ainda não transfigurado pelos sacramentos de Jesus Cristo e da sua Igreja santa. Anunciando a Palavra de Deus, testemunhando o Evangelho e celebrando a vida do Espirito, os cristãos devem continuar chamando os homens à conversão, batizando e oferecendo a salvação, estabelecendo um diálogo respeitoso com as culturas a quem são enviados. A fé na Páscoa de Jesus, o envio eclesial batismal, a saída geográfica e cultural de si mesmo e da sua própria casa, a necessidade de salvação de uma vida de pedaço e a libertação do mal pessoal e social exigem a missão até aos últimos confins da terra.
Á Maria nossa Mãe, confiamos a missão da Igreja. Unida ao seu Filho, desde a encarnação, a Virgem colocou-se em movimento, deixando-se envolver totalmente pela missão de Jesus. E, aos pés da cruz, ao receber a missão de “Mãe da Igreja”, Maria passa a colaborar de maneira muito especial na missão de seu Filho, gerando, no Espirito e na fé, novos filhos e filhas de Deus. Que nossa Mãe nos ajude em nossa missão. Assim, atendendo ao apelo do Sucessor de Pedro, nosso pastor, que possamos, com o dom que recebemos no nosso Batismo, sair em missão e levar o Evangelho a todos os povos e nações. Levemos sobretudo com o nosso testemunho e ações, lembrando-nos daquelas instigantes palavras de São Francisco de Assis: “Pregue o Evangelho em todo o tempo. Se necessário, use as palavras”. Assim Deus nos conceda a graça de palavras acertadas, mas, sobretudo, de uma vida que seja um Evangelho Vivo a todos que nos cercam.