Da Redação, com Arquidiocese do Rio de Janeiro
Ele foi arcebispo do Rio de Janeiro durante 30 anos, no período entre abril de 1971 e setembro de 2001. Dom Eugênio deixou o cargo devido ao limite de idade. Seu trabalho na arquidiocese foi fundamentado nas experiências que teve como arcebispo em Natal, a primeira diocese onde atuou e que governou entre 1962 e 1964, e Salvador, onde permaneceu como arcebispo no período entre 1965 a 1971.
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Um dos seus marcos foi a preocupação com a questão social. Criou algumas pastorais com este foco, como a Penal, a da Saúde, a do Trabalhador, a das Domésticas, a do Anônimo, a do Menor e a das Favelas. A Pastoral das Favelas surgiu em 1976, e ganhou maior visibilidade em 1978, com o caso Vidigal, comunidade localizada na Avenida Niemeyer.
Naquela época, o secretário de Obras do município alegou que o morro tinha risco de desabar, e por isso, os moradores deveriam ser removidos e transferidos para o conjunto de Antares, em Santa Cruz. Os moradores, com o apoio da Pastoral das Favelas e de advogados, se mobilizaram e conseguiram impedir a remoção através de uma decisão judicial, afirmando que eles estavam no local há mais de duas décadas e que não havia risco iminente de desabamento.
O acontecido mudou a política fundiária. Com o respaldo legal, nenhuma comunidade poderia ser removida. A favela do Vidigal tornou-se um emblema da conquista e do direito de morar. Neste mesmo ano, o então Papa João Paulo II visitou o Rio de Janeiro e fez um discurso aos moradores da comunidade, que ficou conhecido como o “Sermão da Montanha”.
Como forma de solidariedade, o Pontífice ofereceu à comunidade o seu anel papal como um presente simbolizando a solidariedade com os mais desprovidos. Para homenageá-lo, os moradores criaram um samba para o Papa.
Na década de 80, a Pastoral das Favelas criou associações de moradores e se empenhou em conscientizar as pessoas sobre o seu direito à cidadania e participação delas como forma de transformar a sociedade. A década de 90 foi marcada pelos diálogos com as ONGs e os poderes públicos. Além disso, cada comunidade ganhou uma capela. A pastoral continua, até hoje, atuante, apoiando os moradores carentes, visando à solução dos problemas de moradia.
“A importância do trabalho de Dom Eugênio com relação à Pastoral das Favelas é que ele soube unir as pessoas dos diversos segmentos da nossa sociedade para colocar os seus serviços, as suas atuações a serviço dos mais pobres e necessitados”, afirmou o atual responsável pela Pastoral das Favelas, monsenhor Luiz Antônio Lopes.
De acordo com o monsenhor, é justo que a Igreja dê uma atenção e esteja presente na vida dos mais pobres. A pastoral quer ser uma presença da Igreja que evangeliza, mas que também busca a transformação na qualidade de vida destas pessoas que moram nas áreas mais pobres da nossa Arquidiocese do Rio de Janeiro.