A celebração Eucarística, realizada no último sábado, 07/12, em Adamantina (SP), marcou a comemoração do Jubileu de Ouro da ordenação presbiteral de Dom Osvaldo Giuntini.
Na cerimônia, o bispo emérito recebeu uma carta de felicitação do Papa Francisco.
O bispo emérito de Marília, Dom Osvaldo Giuntini, comemorou ontem, dia 8 de dezembro, o Jubileu de Ouro pelos 50 anos de sua ordenação presbiteral. Na noite do sábado, dia 07, a data foi celebrada com uma missa na Paróquia Santo Antônio, em Adamantina (SP).
A cerimônia contou com a presença do bispo de Marília, Dom Luiz Antônio Cipolini, do clero diocesano, dos religiosos e religiosas que atuam na diocese e de centenas de fieis que lotaram a Paróquia em agradecimento pelo ministério presbiteral e trabalho pastoral de Dom Osvaldo.
No final da celebração, foi entregue ao bispo emérito, uma carta de felicitações pelo Jubileu de Ouro, enviada de Roma pelo Papa Francisco.
Caro Dom Luiz Antonio Cipolini, bispo diocesano de Marília, Dom Osvaldo Giuntini, bispo emérito e jubilando, Pe José Orandi da Silva, vigário episcopal na Região II e todos os padres aqui presentes, religiosos e consagrados (as), seminaristas e todo o povo de Deus presente nesta missa para louvar a Deus pelos 50 anos de sacerdócio de D. Osvaldo. Saúdo também aos que acompanham esta Santo Missa pelo rádio. Paz e bem a todos!
Em primeiro lugar, quero agradecer a Dom Osvaldo pelo voto de confiança ao me convidar para proferir esta homilia por ocasião do seu Jubileu de Ouro Sacerdotal.
Hoje, para toda a diocese de Marília é um dia de festa. Unidos com a Igreja no mundo todo celebramos a solenidade da Imaculada Conceição de Nossa Senhora. O Papa Paulo VI, em sua exortação apostólica Marialis Cultus, disse-nos: “No inicio de dezembro e no coração do Advento, a Igreja coloca a solenidade da Imaculada Conceição de Maria, apontando-nos esse tempo como tempo de Maria por excelência, mais que qualquer outro tempo litúrgico, pois é nele que a vemos na mais intima relação com seu filho”. Por isso, é importante não confundirmos este dogma da “Imaculada Conceição de Maria” com os inúmeros títulos atribuídos a Maria. Imaculada Conceição se refere diretamente à existência de Maria e vem nos afirmar que ela, para ser a Mãe de Jesus, foi concebida sem a mancha do pecado. Sim, este foi um dom de Deus que ela recebeu ainda no ventre de sua mãe, Sant’Ana, e o preservou em toda sua existência. Neste sentido, a liturgia nos convida a entrar no mistério da encarnação de Jesus. Como vemos, a vinda do Filho de Deus em nossa humanidade foi preparado, por Deus, com bastante antecedência, quanto Ele escolheu Maria, e, a preparou desde o momento de sua concepção, para ser a mãe de seu Filho Jesus. Quando jovem, Maria recebeu o convite do anjo para cumprir essa missão. Ali, vemos que a iniciativa foi do Pai. Mas o “SIM” foi de Maria, e este “SIM” marcou o início da nossa Redenção e mudou a história da humanidade, dividindo-a em antes e depois! Ao entrar neste mistério, devemos deixar Deus entrar em nossa história e transformar a nossa vida.
Mas também nos alegramos, e muito, porque na festa da Imaculada Conceição de Nossa Senhora, festejamos o jubileu de ouro sacerdotal de nosso querido bispo emérito, D. Osvaldo Giuntini. Não se faz um padre do dia para a noite. Cada padre, além de ter sua história pessoal, participa do sacerdócio ministerial de Cristo, desempenhando a missão sacerdotal, segundo a qual deve santificar o Povo de Deus mediante a celebração dos sacramentos; a missão profética, segundo a qual deve ensinar o povo que lhe foi confiado, testemunhando o anúncio do Evangelho; e a missão de pastor, segundo a qual deve conduzir o povo de Deus na fidelidade a Deus e na santidade de Vida E quando o padre se torna bispo então, sua missão é redimensionada, pois além da missão presbiteral, ele se torna um dos apóstolos com a missão de sustentar o povo que lhe foi confiado na fé.
A história de Dom Osvaldo é uma destas histórias de Deus presente na vida da gente. Ele nasceu em São Paulo, na Vila Tucuruvi, no dia 24 de outubro de 1936. Seu chamado e sua missão foi, em primeiro lugar, um dom, que encontrou um generoso “sim” no coração daquela pequena criança, que, encantada por Deus, disse aos seus pais Valdomiro Giuntini e Conceição Giuntini: “quero ser padre”. Seu Valdomiro o questionou dizendo-lhe que era muito difícil e que a vida de padre era muito sofrida, mas o jovem Osvaldo confirmou: “é isso que quero – ser padre”. Diante de sua convicção, e com a orientação do pároco da Paróquia São José de Belém-SP, seus pais acreditaram em sua vocação, o apoiaram e o enviaram para o seminário.
O jovem Osvaldo entrou no grande Seminário Metropolitano em São Roque – SP, onde fez todos seus estudos. De 1956 a 1963 estudou filosofia e Teologia na Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção, no Ipiranga – SP. Mons. Nivaldo Resstel e Mons. Achiles Pacelli, também jubilandos neste ano, foram seus contemporâneos neste período.
Em 1963, no dia 8 de dezembro, solenidade da Imaculada Conceição de Nossa Senhora, Osvaldo Giuntini, junto com outros nove diáconos, foi ordenado presbítero, pelas imposição das mãos de D. Macedo. Em seu longo itinerário, Pe. Osvaldo sempre trabalhou em paróquias. Inicialmente em São Paulo, depois nas cidades de Salto e Itu. Permaneceu por ali quando foi criada a Diocese de Jundiaí. Algum tempo depois, Pe. Osvaldo foi nomeado pároco da Catedral de Jundiaí, coordenador diocesano de Pastoral e, posteriormente, vigário geral da Diocese. Este período marcou muito a vida sacerdotal do então Monsenhor Osvaldo Giuntini, pois ele viveu bem próximo do bispo diocesano de Jundiaí, Dom Gabriel Paulino Bueno Couto, a quem acompanhou até a morte. Segundo D. Osvaldo, Dom Gabriel era homem humilde e tinha um estilo de vida simples, servidor e voltado para os pobres, muito parecido com o Papa Francisco. Viver próximo dele era uma grande dádiva, pois aprendia-se muito na vida humana e sacerdotal.
Em 25 de junho de 1982, Monsenhor Osvaldo foi nomeado bispo auxiliar da Diocese de Marília, e foi ordenado Bispo por Dom João Bergese, em Jundiaí, no dia 12 de setembro. Seu lema episcopal é “Vitam meam do vobis” (Dou-vos a minha vida). Depois de cinco anos foi nomeado bispo coadjutor com direito a sucessão, e, em 9 de dezembro de 1992, tornou-se o terceiro bispo da Diocese de Marília. É impossível não lembrarmos que 31 anos destes 50 anos de vida sacerdotal foram vividos, como bispo, aqui em nossa diocese.
Numa conversa, Dom Osvaldo me disse que a experiência sacerdotal e episcopal marcou a sua vida. De maneira especial, marcou-lhe profundamente a unidade e a colegialidade que existe entre os bispos da Província de Botucatu, que compreende as oito dioceses do sub-regional. E na vida da diocese, marcou-lhe a realidade sofrida da região da Alta Paulista, mas acima de tudo a simplicidade e acolhida de nosso povo.
Cumprindo a missão de pastor da diocese de Marília, Dom Osvaldo sempre fez o possível e o impossível para não deixar nenhuma paróquia vacante, sem a presença de um padre; em seu tempo de bispo, ordenou 45 padres, ou seja, a maioria do nosso clero; em sua ação sempre seguiu as orientações da CNBB, tanto na pastoral quanto na organização administrativa da diocese; fato importante foi continuar a prática de ouvir os diversos conselhos, que aprendeu com Dom Daniel Tomazella, e elaborar, encaminhar e avaliar constantemente o trabalho diocesano, em comunhão, após ouvir os mais variados conselhos. Como não lembrar a sua presença constante em quase todas nossas reuniões, sempre nos sustentando na fé e nas decisões a serem tomadas. Alguém até poderá até dizer que nem tudo foi acerto. Isso é verdade, ninguém tem só acertos na vida, pois somos frágeis, pecadores. O mais importante é ter consciência dessa nossa fragilidade e confiar que Deus nos chamou, nos confiou a missão, nos torna capazes de vivê-la e nos sustenta na caminhada. Neste sentido, eu que estive próximo de Dom Osvaldo como vigário episcopal por três anos e meio agora, durante quatro anos como coordenador diocesano de pastoral, posso afirmar com certeza que, nestes cinquenta anos de vida presbiteral, Dom Osvaldo confiou plenamente em Deus e procurou “gastar-se como uma vela que, para iluminar, vai derretendo-se e morrendo”. Temos muito que te agradecer Dom Osvaldo, porque o senhor gastou sua vida aqui, em nossa diocese, em nosso favor. Muito obrigado! Para quem conviveu mais de perto com o senhor, sabemos que sua fortaleza sempre esteve no Espírito Santo de Deus: a paciência, a sabedoria, a prudência, o temor… sempre o ajudaram a conduzir toda nossa diocese e as pessoas que lhe foram confiadas, no caminho da verdade e da vida.
O senhor disse que a diocese o marcou. Pode ter certeza que o senhor, com seu jeito simples e humilde, pacífico e carinhoso, marcou profundamente a vida da Diocese de Marília e de muitas pessoas, com as quais teve contato diretamente.
Dom Osvaldo, nós não estávamos em sua ordenação presbiteral há exatos 50 anos atrás, quando o senhor respondeu “Sim, quero!” a cada uma das perguntas que lhe foram dirigidas: “Queres exercer o ministério sacerdotal por toda vida”? “Queres realizar digna e fielmente o ministério da palavra na pregação”? “Queres celebrar com devoção e fidelidade os mistérios de Cristo”.
Não estávamos lá, mas hoje estamos aqui, celebrando com o senhor a alegria de 50 anos de vida doados. E queremos agradecer a Deus pelo dom de sua vida, pelo seu sim generoso e por sua presença amorosa entre nós. Muito obrigado, Dom Osvaldo! Que o bom Deus te faça reviver, no seu interior, a unção recebida no dia da sua feliz ordenação e te mantenha sempre fiel “Sacerdus in aeternum” (sacerdote para sempre).
BIOGRAFIA
Dom Osvaldo Giuntini, estudou de 1956 a 1963, filosofia e teologia no Seminário Central da Imaculada Conceição, no Ipiranga, e na Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção. Foi ordenado sacerdote em 8 de dezembro de 1963. O ministério foi exercido primeiramente em São Paulo, logo depois, foi pároco das cidades de Salto e Itu. Após a criação da Diocese de Jundiaí, Dom Osvaldo foi nomeado pároco da Catedral de Nossa Senhora do Desterro, chanceler do bispado e posteriormente, Vigário Geral da diocese.
Em 1975, o Papa Paulo VI concedeu-lhe o título de Monsenhor. Seis anos depois, Dom Osvaldo foi para Roma com o objetivo de fazer um curso de atualização em Direito Matrimonial.
Em 25 de junho de 1982, o então Monsenhor Osvaldo recebeu a nomeação de Bispo Auxiliar da Diocese de Marília e Bispo Titular de Tunnuna. A sagração episcopal ocorreu em Jundiaí, no dia 12 de setembro do mesmo ano. A sagração episcopal foi celebrada por Dom João Bergese. O lema escolhido para o seu episcopado foi Dou-vos a minha vida (Vitam meam do vobis). Dom Osvaldo veio a Marília como bispo auxiliar do então bispo diocesano, Dom Frei Daniel Tomasella, OFMCap.
Dom Osvaldo Giuntini permaneceu por cinco anos como bispo auxiliar. Em 30 de abril de 1987, a pedido de Dom Frei Daniel, Dom Osvaldo foi nomeado bispo coadjutor, com direito à sucessão. Cinco anos depois, em decorrência da renúncia de Dom Frei Daniel, Dom Osvaldo tomou posse como Bispo Diocesano de Marília, em 9 de dezembro de 1992.
Dentre os momentos importantes da diocese, durante seu bispado, está a inauguração do novo prédio do Seminário Diocesano São Pio X, em 1º de maio de 1996, e a Revisão Ampla da Pastoral na diocese, a partir da qual surgiram propostas para a Ação Evangelizadora das comunidades, pastorais, movimentos e associações.
Outro momento importante que motivou a diocese e todos os cristãos foi a celebração dos 2.000 anos do nascimento de Jesus Cristo e a comemoração do Jubileu de Ouro da Diocese de Marília.
No dia 8 de maio de 2013, o Papa Francisco aceitou a renúncia de Dom Osvaldo para o governo da Diocese de Marília em conformidade com o cânon 401 § 1º do Código de Direito Canônico, nomeando Dom Luiz Antônio Cipolini para ser seu sucessor, ficando Dom Osvaldo como Bispo Emérito.
Texto do Seminarista Tiago Barbosa e fotos de Daniel Fabri.