A vocação universal à santidade é um dos ensinamentos mais belos e desafiadores da vida cristã. Muitas vezes pensamos que a santidade é um privilégio reservado apenas aos padres, religiosos ou pessoas extraordinárias. Contudo, o Concílio Vaticano II, na Constituição Dogmática Lumen Gentium, recorda-nos que “todos os fiéis cristãos, de qualquer estado ou ordem, são chamados à plenitude da vida cristã e à perfeição da caridade” (LG 40). Isso significa que a santidade é uma proposta para cada batizado — inclusive para você.
A santidade é, antes de tudo, um chamado de Deus. Não se trata de um esforço puramente humano, mas de uma resposta amorosa Àquele que nos amou primeiro. Quando Deus nos cria e nos chama à vida nova no Batismo, Ele coloca em nosso coração o anseio de estar com Ele e viver segundo o Seu coração; é um convite a viver em comunhão com Cristo, deixando que Sua graça transforme a nossa existência.
Frequentemente associamos a santidade a grandes feitos e a histórias heroicas, porém, a santidade se constrói nas pequenas coisas: na caridade para com o próximo, na fidelidade às responsabilidades diárias, na paciência diante das dificuldades, no perdão oferecido e acolhido. Santa Teresa de Lisieux chamou isso de “pequena via” — um caminho acessível a todos. Em outras palavras, é no simples da vida que Deus nos santifica.
Ser santo é ser amigo de Deus. Jesus nos ensina: “Já não vos chamo servos… mas amigos” (Jo 15,15). A amizade com Cristo se nutre pela oração, pelos sacramentos e pela vida na comunidade. A Eucaristia nos fortalece, a Confissão nos purifica e nos dá coragem para recomeçar. Assim, nossa relação com Deus se aprofunda e transforma nosso modo de viver e amar.
Muitas vezes pensamos: “Eu? Santo?” Pois é justamente isso que Deus espera de nós. Ele não nos chama a algo impossível. O Espírito Santo habita em nós e nos capacita a viver segundo o Evangelho. Cada gesto de amor, cada renúncia ao pecado, cada ato de fé é um passo no caminho da santidade. O segredo não está em fazer tudo sozinho, mas em deixar que Deus faça em nós maravilhas, como fez na vida de Maria.
Essa caminhada rumo à santidade não é solitária; caminhamos juntos como Igreja, animados pelo exemplo dos santos que nos precederam e sustentados pela comunhão fraterna. Os santos mostram que é possível viver o Evangelho em todas as circunstâncias: como pais, mães, trabalhadores, jovens, idosos — todos podem se tornar instrumentos do amor de Deus.
A vocação universal à santidade é uma verdade que nos anima e desafia. Santidade não é privilégio de poucos, mas chamado para todos. Deus nos quer santos porque deseja nossa plena felicidade. Que possamos acolher esse chamado com alegria e confiança, certos de que Aquele que nos chama é fiel.
“A santidade é o rosto mais belo da Igreja” (Papa Francisco, Gaudete et Exsultate).
Que o Espírito Santo nos conduza neste caminho e que Maria, a Mãe dos Santos, interceda por nós! Amém.
No Coração de Jesus e Maria,
Frederico Coqueiro Dias