Fundada em 04 de julho de 1.954, a Sociedade de São Vicente de Paulo, nascida da Conferência Sagrado Coração de Jesus, completou 60 anos em Vera Cruz.
Para marcar a data, a missa da noite deste domingo, 06/07, presidida pelo pároco e reitor do Santuário Sagrado Coração de Jesus, Pe Marcos Ortega, foi celebrada em Ação de Graças pelas seis décadas de atuação da Sociedade no município.
Seus fundadores, Ismael Ferreira Coimbra (1º presidente da Conferência), Leopoldo Lucas (1º vice-presidente da Conferência), José Raymundo Machado (1º tesoureiro da Conferência), deram início a um trabalho de extrema importância, totalmente focado na caridade.
A Sociedade realizou obras importantes como a construção de três residências e doações de materiais para construção de outras moradias. Em 2013prestou homenagem ao 1º fundador da Sociedade em Paris, Antonio Frederico Ozanam, com a denominação no município de uma praça, quando foi comemorado o bicentenário de seu nascimento.
Atualmente, a Sociedade mantém obras diárias como a doação de cestas básicas mensais às famílias assistidas, doações de hortifruti semanalmente, doações de móveis e roupas, ajuda de custo no pagamento de contas de energia e água (quando necessário), pagamento de cursos profissionalizantes para jovens das famílias assistidas, dentre tantas outras ações.
Trinta e duas famílias são assistidas mensalmente pela Sociedade, no município, e para manter esse trabalho, conta com o apoio da comunidade na doação de produtos alimentícios, roupas e mobílias, além de promoções especiais que gerem recursos para as ações necessárias.
O trabalho desenvolvido pela Sociedade é voluntário e o grupo está sempre aberto a novos corações que tenham interesse em ser também um vicentino. Uma vez por mês a equipe faz a coleta de alimentos porta a porta, em toda a cidade, e o resultado tem amenizado a situação vulnerável de dezenas de famílias.
A Sociedade de São Vicente de Paulo está presente em 143 países e conta com mais de 700 mil membros espalhados pelo mundo. O Brasil é o maior país vicentino do planeta. No país, a instituição nasceu em 1872, com a Conferência São José, no Rio de Janeiro, e conta com cerca de 250 mil voluntários, organizados em 20 mil Conferências e 33 Conselhos Metropolitanos.
As Conferências Vicentinas são grupos formados por homens e mulheres – e também por crianças e adolescentes. Quem faz adesão à SSVP é chamado de Vicentino.
Os grupos se reúnem semanalmente para debater e sugerir maneiras de atender as famílias carentes, que são cadastradas após verificação socioeconômica.
Biografia de Frederico Ozanan:
Frederico Ozanam nasceu a 23 de abril de 1813, em Milão (Itália). Filho de Jean-Antoine, médico prestigioso, cuja fama profissional não o impedia de assistir doentes indigentes, com o mesmo cuidado e afabilidade reservados aos pacientes da alta condição social, e de Marie Ozanam, também dedicada à assistência dos pobres e enfermos. Frederico respira desde o nascimento o profundo espírito de caridade compartilhado pelos seus pais.
Depois de uma infância muito protegida em Lião, Frederico entra no colégio em 1822 para começar os estudos secundários. Estudante brilhante e leitor insaciável, aos 17 anos conhece várias línguas: grego, latim, italiano e alemão, e inicia um curso de hebraico e sânscrito. De espírito sensível e preocupado, é apaixonado pelo estudo da Filosofia, consumindo-se com frequência numa investigação existencial e espiritual, que jamais abandonará.
Em 1831, Frederico, erudito jovem de província, chega a Paris para estudar na Sorbona. Em pouco tempo converte-se num assíduo frequentador dos ambientes intelectuais (entre os quais o salão de Madame Récamier) e começa a colaborar com jornais e revistas. Apesar da sua timidez e do comportamento simples, emergem com clareza tanto a sua profunda humanidade como o seu rigor moral: a sua imensa cultura, as suas opiniões actualizadas e o seu catolicismo empenhado tornam-no rapidamente uma personalidade relevante. Frederico dedica a sua formidável eloquência a moderar os debates sobre religião e política, num círculo literário estudantil chamado «Conferência de história», do qual é porta-voz. Certa tarde, depois de sair vencedor de um debate com um estudante socialista sobre o compromisso social dos católicos, anuncia a um amigo a intenção de realizar finalmente um projecto, que há tempo lhe era muito querido: uma «Conferência de caridade», uma associação de beneficência para a assistência dos pobres, «a fim de pôr em prática o nosso catolicismo».
Desta maneira, em maio de 1833, com apenas 20 anos, Frederico funda, juntamente com seis companheiros, as Conferências de São Vicente de Paulo: «na época borrascosa em que nos encontramos, escreve ao seu amigo Ferdinand Velay, é bonito assistir à formação, acima de todos os sistemas políticos e filosóficos, de um grupo compacto de homens decididos a usar todos os seus direitos como cidadãos, toda a sua influência, todos os seus estudos profissionais, para honrar o catolicismo em tempos de paz e defendê-lo em tempos de guerra». Nenhum dos seus jovens fundadores podia imaginar o desenvolvimento que alcançaria esta pequena Sociedade benéfica, à qual Frederico se dedicaria, daí por diante, sem jamais poupar esforços.
Doutor em Direito (1836) e depois em Letras (1839), Ozanam inicia uma brilhante carreira universitária que o levará, em 1844, a tornar-se o titular da cátedra de Literatura Estrangeira na Universidade da Sorbona e a viver sem reservas a sua profunda vocação ao magistério.
Em 1841 casa-se com a jovem Amélie Soulacroix. Frederico Ozanam é, portanto, um homem profundamente inserido no seu tempo. Marido e pai, professor e literato, leigo comprometido, vive as diferentes dimensões da sua existência, com a mesma paixão e generosidade: vai pessoalmente aos bairros pobres de Paris e de outras cidades, promove a expansão das Conferências vicentinas no mundo, publica escritos históricos e literários, luta pela liberdade civil, política e religiosa, sofrendo pelos contrastes que dividem o mundo católico em facções políticas opostas, e tendo um coração cheio de ternura para com Amélie e Marie, sua filha. O seu caminho espiritual, sempre atormentado, conhece altos e baixos: Frederico julga não fazer o suficiente, e pede ao Senhor que o ajude a ser melhor, luta contra o orgulho até se esquecer do próprio valor.
Os primeiros sintomas do que seria uma grave infecção renal, confundida com uma enfermidade pulmonar, que o levaria lenta e dolorosamente a uma morte prematura, chegam-lhe de surpresa em 1846. Na tentativa de recuperar a saúde, Frederico passa algum tempo com a família na Itália, e é recebido em audiência por Pio IX. De retorno a Paris, Ozanam continua a dedicar-se, de corpo e alma, ao serviço dos seus alunos, ao jornal «Ere nouvelle», com o qual colaborou na sua fundação, aos pobres e aos trabalhadores.
A revolução de 1848 e o feroz debate no mundo político e católico só tornarão piores as suas condições de saúde. Em 1849, depois de ter sofrido um segundo ataque agudo do mal que o estava minando, Frederico começa a estar consciente do triste pressentimento. As suas atividades continuam de modo frenético. O seu anseio de conhecer e de participar leva-o a ignorar a dor física e, por vezes, até mesmo os conselhos dos médicos. Em maio de 1853, de novo na Itália por motivo de saúde, a braços com a angústia de em breve ter que deixar os seus entes queridos, os sucessos profissionais e os debates políticos, mas pronto ao sacrifício, dirige-se a
Deus: «Senhor, quero o que Tu queres, quero como o queres e por todo o tempo que o quiseres, quero-o porque Tu o queres».
Frederico Ozanam morreu na noite de 8 de setembro de 1853, em Marselha, rodeado dos seus entes mais queridos, depois de uma agonia longa e dolorosa.
Este é o modelo de apóstolo leigo, erudito, empenhado e dedicado ao serviço dos mais pobres, que a Igreja apresenta a todos os fiéis, mas, sobretudo, aos jovens, durante a Missa presidida por João Paulo II, no dia 22 de agosto, em Paris, na qual é beatificado Frederico Ozanam.
Digno de nota é o caso da cura milagrosa de uma criança brasileira, de apenas dezoito meses, afetada de uma grave forma de difteria, que nos primeiros dias de fevereiro de 1926, em Nova Friburgo (RJ), obteve a graça por intercessão do Servo de Deus Frederico Ozanam. Esta cura foi reconhecida pela Junta médica da Congregação para as Causas dos Santos a 22 de junho de 1995, e confirmada de modo unânime pelos Consultores teólogos, na reunião de 24 de Novembro do mesmo ano.
Pastoral da Comunicação – Pascom
Santuário do Sagrado Coração de Jesus