Na morte, Cristo chama a pessoa para estar com Ele. Por Seminarista João Gabriel

No início de novembro, celebramos duas importantes datas na Igreja: a Solenidade de Todos os Santos e a Comemoração dos Fiéis Defuntos.

No dia de Todos os Santos, honramos aqueles que estão na presença de Deus, incluindo santos conhecidos e desconhecidos. É uma ocasião para lembrar que todos os fiéis são chamados à santidade. Os santos, ao deixarem este mundo, vivem em comunhão eterna com Deus. Essa felicidade plena que eles experimentam é também a meta de cada um de nós, que devemos seguir seus exemplos na busca por uma vida de fidelidade a Cristo.

Já no dia dos Fiéis Defuntos, dedicamos nossas orações aos falecidos. É um momento de reflexão e de pedir a Deus que conceda a paz eterna àqueles que completaram sua jornada terrena. Como disse o Papa João Paulo II, os laços de amor que temos com nossos entes queridos não desaparecem com a morte. Mesmo após o falecimento, eles permanecem presentes em nossa vida: seus corpos descansam nos cemitérios, suas lembranças vivem em nós, e, sobretudo, suas almas intercedem por nós junto a Deus.

Ambas as celebrações estão interligadas, pois a solenidade de Todos os Santos nos lembra da meta da santidade, enquanto a celebração dos fiéis defuntos nos convida a rezar por aqueles que estão em processo de purificação e que aspiram à santidade. A Igreja, como um sinal de união, nos incentiva a manter viva a memória dos que partiram, reconhecendo a continuidade da comunhão entre os membros do Corpo de Cristo, tanto os que estão na terra quanto os que já estão no céu.

Na morte, Cristo chama a pessoa para estar com Ele. Esse foi o desejo de Paulo, quando disse: “O meu desejo é partir e estar com Cristo” (Fl 1,23). Dessa forma, Paulo queria fazer da sua morte um ato de obediência e amor a Deus, como Cristo fez. A liturgia da Igreja expressa esse mesmo sentido: “Senhor, para aqueles que creem em Vós, a vida não é tirada, mas transformada. E, quando este nosso corpo mortal se desfaz, nos é dado um corpo eterno” (Missal Romano – Prefácio dos defuntos). Encerrando, trago o poema de Santo Agostinho, que nos lembra:

“A morte não é nada.

Eu somente passei

para o outro lado do Caminho.

Eu sou eu, vocês são vocês.

O que eu era para vocês,

eu continuarei sendo.

Me dêem o nome

que vocês sempre me deram,

falem comigo

como vocês sempre fizeram.

Vocês continuam vivendo

no mundo das criaturas,

eu estou vivendo

no mundo do Criador.

Não utilizem um tom solene

ou triste, continuem a rir

daquilo que nos fazia rir juntos.

Rezem, sorriam, pensem em mim.

Rezem por mim.

Que meu nome seja pronunciado

como sempre foi,

sem ênfase de nenhum tipo.

Sem nenhum traço de sombra

ou tristeza.

A vida significa tudo

o que ela sempre significou,

o fio não foi cortado.

Por que eu estaria fora

de seus pensamentos,

agora que estou apenas fora

de suas vistas?

Eu não estou longe,

apenas estou

do outro lado do Caminho…

Você que aí ficou, siga em frente,

a vida continua, linda e bela

como sempre foi.”

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