No ano de 1717, em uma pequena localidade do interior do Estado de São Paulo, nas águas do Rio Paraíba, foi encontrada uma pequena imagem de Nossa Senhora da Conceição, que tornou-se objeto de crescente devoção dos brasileiros.
Conhecida como a imagem de “Nossa Senhora Aparecida”, ao seu redor iniciou-se um movimento de peregrinações que hoje atinge proporções gigantescas. Anualmente, cerca de doze milhões de romeiros dirigem-se à cidade de Aparecida, manifestando uma profunda devoção dirigida à Mãe de Deus, sob este título agora mundialmente conhecido.
No Santuário Nacional podem ser encontrados milhares de testemunhos da proteção celestial desta Mãe querida, carinhosamente chamada de Padroeira e Rainha do Brasil.
Esta devoção, arraigada na alma do povo brasileiro, dirige-se a esta mulher, Maria, figura eminente do Evangelho. A Palavra de Deus apresenta esta mulher como aquela que ouviu exemplarmente esta Palavra e que, como serva do Senhor, fez de sua vida uma generosa obediência ao Plano de Salvação realizado por Jesus.
Maria é aquela que diz “sim” ao Senhor, a “cheia de graça” que nos dá Jesus. Com sua fidelidade tornou-se modelo original da humanidade e da Igreja, aquela que se abre a Deus e se deixa enriquecer por Ele. Maria constitui um modelo essencial para a realização de qualquer existência cristã.
As Leituras bíblicas desta Solenidade refletem esta compreensão que a Igreja tem do mistério de Maria, inserido no Mistério de Cristo.
A primeira Leitura desta Solenidade é tirada do Livro de Ester (5,1b-2; 7,2b-3). O texto nos apresenta o desfecho de um episódio da história do povo hebreu, que estando exilado e cativo na Pérsia, viveu um grave risco de ser exterminado. Ester, sendo judia, sabendo da trama preparada por Aman, primeiro ministro que odiava os judeus, intercede a favor de seu povo e alcança as boas graças do rei. Ester é figura de Maria, enquanto intercessora pela salvação de seu povo.
A segunda Leitura é tirada do livro do Apocalipse de São João (12,1.5.13ª.15-16ª) nos apresenta a mulher adornada de todo esplendor (o sol, a lua, as doze estrelas). Esta mulher simboliza o novo Povo de Deus, a Igreja, o Corpo de Cristo. Esta mulher é vitima da perseguição do dragão infernal, Satanás, que pretende destruir o filho. Este menino dado à luz, sem dúvida, é o Cristo, o Messias de Deus. Este trecho do Apocalipse é, tradicionalmente aplicado à Santíssima Virgem. Já Santo Agostinho, como também São Bernardo, entre outros autores cristãos, viram na mulher do Apocalipse a representação de Maria, enquanto o mistério de sua existência se insere no Mistério de Cristo e de Sua Igreja.
No Evangelho da Missa de hoje, vamos ouvir o texto de São João (2,1-11) que nos fala das Bodas de Caná. Nossa Senhora, neste trecho, nos ensina uma lição magistral: “Fazei o que Ele vos disser”. Estas palavras de Nossa Senhora ressoam pelo mundo, até o final da história humana. Dela, aprendemos a obediência ativa a Jesus. Trata-se de “fazer”, que significa muito mais do que uma simples ação reflexa… É um “fazer” ativo, que exige antes de tudo a certeza de que Jesus tem o poder de modificar aquilo que representa a nossa incapacidade de corresponder com fidelidade ao Plano de Salvação de Deus. Neste sentido, Nossa Senhora nos dá uma indicação que tem repercussões de salvação. Fazer “o que Ele vos disser” significa abrir-se confiantemente ao Amor de Deus, amor este que Nossa Senhora experimentou sendo um instrumento eficaz de salvação, oferecendo-nos Jesus Cristo Nosso Senhor e Salvador.
Fazendo-se um de nós, Jesus Cristo não conheceu o pecado. Ele, santo e imaculado, para salvar-nos do pecado, quis que também sua Mãe fosse imune de culpa, um modelo de todos os que se salvam. Maria, unida ao Mistério de Cristo, vence definitivamente o mal do pecado. Agradeçamos e louvemos ao Pai por nos ter dado Maria, e alimentando-nos do Corpo do Senhor, sejamos como ela, vencedores do mal.
Peçamos a Nossa Senhora Aparecida que cuide da nossa Pátria e de todos os brasileiros.
Dom Antônio Rossi Keller
(Fonte: http://www.encontrocomobispo.org/)