Celebrar o Natal não é apenas fazer uma comemoração festiva, recordar um acontecimento agradável, mas torná-lo presente e real, pela Liturgia, de tal modo que possamos participar nele, como se vivêssemos nesse tempo.
Logo a seguir à queda dos nossos primeiros pais, perante a sua miséria extrema, Deus prometeu um Redentor.
Com sabedoria infinita, foi preparando as condições ideais para vinda do Filho de Deus ao mundo e expansão da Sua mensagem.
Quando Jesus nasceu, havia as condições reunidas:
– uma unidade de governo que facilitava viajar com relativa segurança por todo o mundo de então, para levar a Boa Nova. Roma estabelecera um só poder, garantido pelas Legiões Romanas.
– Uma linguagem comum. Quem falasse o grego comercial ou o latim, era facilmente entendido. Assim aconteceu com os Apóstolos e com o grande S. Paulo.
– Os hebreus – um pequeno resto – tinham deixado de sonhar com um Messias que fosse exclusivamente para eles.
– Os judeus estavam espalhados pelo mundo – por causa do comércio ou mesmo por sucessivas deportações – e tinham levado a todo o mundo a esperança na vinda do redentor. (O poeta romano Virgílio fala da chegada de uma idade de ouro).
– As pessoas estavam cansadas e desiludidas com as paixões, com os falsos deuses e a escravatura clamava por uma Mensagem que ensinasse a todas as pessoas que somos irmão.
Havia, pois uma grande expectativa pouco antes de Jesus vir ao mundo. A viagem dos reis magos é uma demonstração disso mesmo.
E nós? Queremos a sério que Jesus tome conta da nossa vida e que modifique o nosso comportamento? Ou parece-nos que não temos necessidade de mudar?
Lancemos um olhar sobre nós. A primeira Leitura deste domingo nos ajuda a isto: «Porque nos deixais, Senhor, desviar dos vossos caminhos e endurecer o nosso coração, para que não Vos tema?» (Isaias, 63, 16b-17; 19b; 64, 2b-7).
Aos poucos, as pessoas vão-se desiludindo da capacidade dos homens para construir um mundo melhor.
Este mundo novo tem de ser construído por cada um de nós, de mãos dadas com o Senhor, pela conversão pessoal. O nosso Deus quer associar-nos à Sua vitória sobre o mal, com um pouco de esforço que façamos.
A melhor preparação para o natal é reconhecer que, de fato, temos muitas infidelidades e precisamos de mudar, com a ajuda de Deus.