Caros amigos, o título deste editorial foi retirado do livro mais vendido das Edições CNBB. O livro se chama “Sou católico, vivo a minha fé”. Trata-se de uma breve exposição da fé católica, elaborada pela Comissão Episcopal Pastoral para a Doutrina da Fé, com o objetivo de ajudar os fiéis católicos a conhecerem melhor a sua fé, para melhor celebrá-la e testemunhá-la. Na página 143, encontramos a seguinte pergunta: “Se a Bíblia diz: Só Deus pode perdoar pecados! (Mc 2,7), por que confessar-se com o padre?”. Sendo o padre um homem como os demais, por que confessar-se com ele? Não seria melhor pedir perdão direto a Deus? Pois bem, caros leitores, quando a Igreja coloca o padre como responsável pelo perdão, ela o faz não pelos poderes dele, mas por mandato de Jesus. Aliás, não somente em relação a este sacramento, mas aos demais também.
Alguém já pediu o batismo diretamente para Deus? Pelo contrário, procuramos o padre para batizar filhos e afilhados. Da mesma forma, o perdão, também é pedido à Igreja, na pessoa do padre, ministro do perdão por mandato divino.
Jesus confiou o ministério do perdão dos pecados aos seus discípulos. Antes da sua paixão, prometeu a Pedro (Mt 16,19) e aos outros apóstolos (Mt 18,18) o poder de ligar e desligar na terra e no céu. Depois da sua ressurreição, confiou aos onze a faculdade de perdoar ou de reter os pecados (Jo 20,21-23). Com o poder das chaves, entregou aos seus ministros a incumbência de ouvir a confissão sacramental dos pecadores, habilitando-os, ao mesmo tempo, a absolver ou repreender em seu nome.
Além disso, o pecado tem profundas consequências para aqueles que convivem conosco. O pecado ofende a Deus, atinge o pecador e a comunidade de irmãos. Basta pensar no tema da Campanha da Fraternidade deste ano: Fraternidade e tráfico humano.
Compreende-se, então, que o perdão concedido por Deus passe pelos ministros da Igreja, enquanto representantes da comunidade eclesial e do próprio Deus. O Papa Francisco diz que se confessa a cada quinze dias, e confessa-se com um padre. Não se trata de fazer do padre um super-homem, mas simplesmente de obedecer ao mandato de Jesus. E, na realidade, quem perdoa não é o padre, pois ele é apenas um instrumento, e quem age é o próprio Deus. Estamos chegando às portas do tempo quaresmal, tempo em que a Igreja recomenda a confissão preparatória para a Páscoa. Aproveitemos bem este tempo, façamos um bom exame de consciência antes da confissão e vivamos a alegria pascal da ressurreição de Jesus. Vamos rezar pelos nossos padres, ministros do perdão. Eles já se preparam para ouvir as confissões e absolver os fiéis, em nome do Deus misericordioso.
O Papa Francisco nos exorta: “Quem arrisca, o Senhor não o desilude; e, quando alguém dá um pequeno passo em direção a Jesus, descobre que Ele já aguardava de braços abertos a sua chegada. Este é o momento para dizer a Jesus Cristo: Senhor, deixei-me enganar, de mil maneiras fugi do vosso amor, mas aqui estou novamente para renovar a minha aliança convosco. Preciso de vós. Resgatai-me de novo Senhor; aceitai-me mais uma vez nos vossos braços redentores” (A Alegria do Evangelho, 3). Desejo a todos os leitores um proveitoso tempo quaresmal e uma santa confissão!