Dando continuidade à sua visita apostólica no Líbano, o Papa Bento XVI encontrou-se neste sábado, 15, com os membros do Governo, das instituições da República, com o corpo diplomático, chefes religiosos e representantes do mundo da cultura. Em seu discurso na ocasião, Bento XVI destacou a importância de se defender a vida para alcançar a paz “Se queremos a paz, defendamos a vida. Esta lógica desabona não só a guerra e as ações terroristas, mas também qualquer atentado contra a vida do ser humano, criatura querida por Deus”.
O Papa também destacou que a para construir e consolidar a paz, é necessário retornar aos fundamentos do ser humano, o que envolve a dignidade do homem e o foco na família. Esta, seguindo o desígnio de Deus, é o primeiro lugar de humanização e a primeira educadora para a paz.
“Por isso, para construir a paz, a nossa atenção deve fixar-se sobre a família a fim de facilitar a sua tarefa, para assim a apoiar e consequentemente promover por toda a parte uma cultura da vida”.
Porém, o Pontífice lembrou que algumas ideologias, colocando em questão direta ou indiretamente o valor inalienável de cada pessoa e o fundamento natural da família, minam os alicerces da sociedade. E a única maneira de sanar tudo isso é adotar uma solidariedade efetiva. “Solidariedade para rejeitar o que impede o respeito por todo o ser humano, solidariedade para apoiar as políticas e iniciativas que visam unir os povos de forma honesta e justa”.
Ao falar em solidariedade, Bento XVI também lembrou a necessidade de fraternidade entre religiões, culturas e sociedade diferentes. Nessa convivência fraterna, o que leva à união é justamente o “sentido comum da grandeza de cada pessoa e o dom que ela constitui para si mesma, para os outros e para a humanidade”. Segundo o Papa, este é o caminho da paz.
Liberdade religiosa
Bento XVI citou o fato de que, no Líbano, o cristianismo e o islão habitam no mesmo espaço, não sendo difícil encontrar as duas religiões em uma mesma família. “Se, numa mesma família, isto é possível, por que não o haveria de ser ao nível da sociedade inteira?”, indagou o Pontífice.
Ele não deixou de lembrar que, infelizmente, ambas as religiões se combateram, mas ressaltou que uma sociedade pluralista só existe por causa do respeito recíproco, do desejo de conhecer o outro e do diálogo contínuo.
“Não esqueçamos que a liberdade religiosa é o direito fundamental, de que muitos outros dependem. Para toda e qualquer pessoa deve ser possível professar e viver livremente a própria religião sem pôr em perigo a sua vida e liberdade”.
Por fim, o Papa destacou que estas considerações sobre a paz não podem permanecer apenas como enunciados, mas podem e devem ser vividas. “Por isso vos convido a vós, políticos, diplomatas, religiosos, homens e mulheres do mundo da cultura, a dar testemunho ao vosso redor e com coragem, em tempo favorável e fora dele, de que Deus quer a paz, de que Deus nos confia a paz. [dou-vos a minha paz] – diz Jesus Cristo (Jo 14, 27)!”
Antes de se encontrar com as autoridades civis e religiosas, Bento XVI fez uma visita de cortesia ao Presidente da República. O O Papa também teve encontros privados com o presidente do parlamento, com o presidente do Conselho dos Ministros e com os chefes das comunidades religiosas muçulmanas.
Após o encontro, o Papa seguiu para um almoço com os patriarcas e bispos do Líbano, com os membros do Conselho Especial para o Oriente Médio do Sínodo dos Bispos e com a comitiva papal. Logo mais, às 12h (horário no Brasil, 18h no Líbano), Bento XVI encontra-se com os jovens na praça diante do Patriarcado maronita de Bkerké
Fonte: Canção Nova