Uma ação muito digna e nobre é a de rezar pelos mortos

Numa das leituras deste dia, do livro dos Macabeus (Macabeus 12,43-45), fala-nos do costume das pessoas piedosas de Israel de rezar pelos mortos e louva a sua ação. É uma afirmação da fé na realidade desse lugar de purificação e da possibilidade de ajudarmos os que morreram na graça de Deus.
Apoiados na união de todos em Cristo, através do Seu Corpo Místico de que todos fazemos parte, podem passar as ajudas para os nossos irmãos que sofrem as penas do Purgatório.
«Em virtude da Comunhão dos santos – diz também o Compêndio do Catecismo da Igreja Católica, n. 211 – os fiéis ainda peregrinos na terra podem ajudar as almas do Purgatório oferecendo as suas orações de sufrágio, em particular o Sacrifício eucarístico, mas também esmolas, indulgências e obras de penitência».
Vivamos esta caridade para com todas as almas, em especial com as das nossas famílias.
O Concílio Ecumênico Vaticano II lembrou: «Reconhecendo claramente esta comunicação de todo o Corpo Místico de Cristo, a Igreja dos que ainda peregrinam, cultivou com muita piedade, desde os primeiros tempos do Cristianismo, a memória dos defuntos e, ‘porque é coisa santa e salutar rezar pelos mortos, para que sejam absolvidos de seus pecados’ (2 Mac.12, 46), por eles ofereceu também sufrágios» (Lumen Gentium 50).
Santo Agostinho conta no livro das Confissões que a mãe, Santa Monica, lhes pedia a ele e seu irmão para não fazerem grandes despesas com o seu funeral, levando o seu corpo para a sua terra, no norte de África, mas para a lembrarem junto do altar de Deus. È uma lição bem atual. Hoje gasta-se muito dinheiro em flores nos funerais, que em nada podem ajudar os defuntos. Esquecem-se que poderiam sufragar os seus mortos mandando celebrar missas, dando esmolas e rezando mais por eles.
Ao rezar pelos que morreram avivamos a certeza de que havemos de ressuscitar, como lembra o texto de Macabeus. Avivamos também o desejo de nos encontrarmos com eles no céu.
Em relação à morte, temos de nos guiar pelos ensinamentos de Jesus e da Sua Igreja. São muito consoladoras as verdades da fé e, em concreto, as que se referem à vida eterna e à nossa comunhão em Cristo com os que morreram.
Podemos ajudá-los e também recorrer à sua intercessão. Podem pedir por nós, porque são almas santas amigas de Deus. Não podem ver-nos como os santos do céu, mas podem conhecer os nossos pedidos. Esta devoção às almas do Purgatório, enraizada em muitos cristãos, é uma forma muito bonita de viver a comunhão dos santos, a entre ajuda entre todos membros do Corpo Místico de Cristo.
Podemos lembrar também que o Purgatório não é apenas lugar de sofrimento. As almas sofrem antes de mais a privação da visão de Deus. Sofrem também o fogo purificador. É através do sofrimento que se purificam.
Mas gozam também duma alegria muito grande: saberem-se amadas por Deus e terem já a certeza de ir para o céu.
Pedimos à Virgem Santíssima, Nossa Senhora da Boa Morte, que nos ajude a passar já na terra o nosso purgatório, aproveitando os nossos sofrimentos e as nossas boas obras. E a vivermos melhor a fé nas verdades que hoje recordamos e a caridade para com os nossos irmãos que partiram.
, bispo de Frederico Westphalen
http://www.encontrocomobispo.org/

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